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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Aécio Neves e Dilma Rousseff: a grande final em 26/10/2014.


Dia 26 de outubro, neste próximo domingo, milhões de brasileiros terão a oportunidade de escolher o novo Presidente da República.
É um momento muito importante e, apesar de discordar do voto obrigatório, entendo que cada eleitor deva manifestar democraticamente a sua preferência.
Para que o Brasil continue consolidando a sua jovem democracia, avalie com muita atenção cada candidatura e faça a sua escolha pensando no futuro.
Boa sorte aos candidatos e aos eleitores.

E que DEUS abençoe o BRASIL. 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Edmar Bacha: Por que voto em Aécio.

EDMAR BACHA, 72, economista, é membro da Academia Brasileira de Ciências e sócio-fundador do Instituto de Estudos de Política Econômica - Casa das Garças. É autor de "Belíndia 2.0" e de "O Futuro da Indústria no Brasil" (Civilização Brasileira)

Meu voto em Aécio se justifica de duas maneiras. A primeira é que, se Dilma tiver mais quatro anos, acabará de quebrar o país e nos encaminhará para uma séria crise política e social. Não é difícil ver o porquê. Nos quatro anos de seu governo, o crescimento da economia foi o menor de todos os períodos presidenciais completos de nossa história republicana desde Floriano Peixoto.

A culpa desse desempenho medíocre não vem de fora, pois nossos vizinhos sul-americanos (exceto pela Argentina e Venezuela que seguem políticas parecidas com as de Dilma) vão muito bem, obrigado. Neste ano, o crescimento do PIB brasileiro deverá ser zero, algo inédito na história do país em períodos sem crise cambial.

A culpa também não é da equipe econômica, pois ela apenas executa com docilidade a política determinada em cada detalhe pela presidente. Foi Dilma quem retirou a autonomia do Banco Central; criou um orçamento paralelo de alquimias contábeis entre o Tesouro e os bancos públicos; destruiu a capacidade de investimento da Petrobras e da Eletrobras; aparelhou partidariamente as agências reguladoras; fez os leilões de concessão de infraestrutura se tornarem um fiasco quando não uma fonte adicional de corrupção.

O resultado disso é a queda do PIB, a alta da inflação, a derrubada do investimento, a desindustrialização, o deficit externo e o aumento da dívida pública.

Dilma promete um governo novo, com ideias novas. Mas como faria isso se está convencida de estar no caminho certo? Se fosse reeleita, continuaria colocando em prática suas arraigadas convicções equivocadas sobre economia e administração pública. O resultado seria manter o país ladeira abaixo, com frustração popular, recessão, desemprego e inflação.

Felizmente, isso não vai acontecer porque tem Aécio Neves no meio do caminho.

Após 12 anos de "nós contra eles", que lembram o "ame-o ou deixe-o" da ditadura, Aécio é a esperança de reconciliação nacional. Sua história política é similar à de seu avô, Tancredo Neves, que sempre buscou a união dos extremos, o apaziguamento das diferenças, o convencimento pelo argumento, e não pela força.

Todo o ódio que o marqueteiro de Dilma fez destilar nessa campanha eleitoral sórdida será apagado, e Aécio, como fez em Minas Gerais, governará com competência, sem rancores ou partidarismos.

Por sua experiência no governo de Minas, Aécio sabe que políticas de inclusão social são um imperativo. Apesar da propaganda do governo sobre "a nova classe média", o Brasil continua a ser uma Belíndia --uma mistura da pobreza da Índia com a riqueza da Bélgica. Dados do Banco Mundial mostram que o Brasil mantém uma das mais desiguais distribuições de renda no mundo.

As informações que a Receita Federal finalmente começa a liberar revelam que a concentração de renda no país é bem maior do que a indicada pelas pesquisas domiciliares (Pnad) e ela não está sendo reduzida, ao contrário do que dizem os arautos do governo Dilma.

Aécio sabe também que para superar a pobreza, ao lado de uma política de transferência de renda, é fundamental ter uma estratégia de crescimento --equitativa e sustentável-- que leve o país, ao longo de uma geração, ao nível de renda do mundo desenvolvido.

Para isso precisamos restabelecer a estabilidade econômica e o equilíbrio das contas públicas e externas. Precisamos atrair o setor privado para investimentos maciços em infraestrutura, dar a nossas indústrias condições de competir no mercado internacional e, principalmente, melhorar nossos sistemas de educação, segurança e saúde.

Em seu programa de governo, Aécio tem propostas exequíveis para enfrentar esses desafios. Contará com uma equipe de auxiliares à altura da nobre tarefa de refazer a união entre os brasileiros e recolocar o país na rota do desenvolvimento. 

domingo, 19 de outubro de 2014

Desilusões.

Na Folha de S. Paulo de hoje, uma bela reflexão do atual momento econômico e político. 
Solicito ao meu e-leitor uma leitura isenta e que possa melhor colaborar com as suas ideias no próximo dia 26. 
Um ótimo domingo a todos. 

No que depender dos debates entre os candidatos a presidente da República ou de suas propagandas políticas em horário pago pelo contribuinte, o eleitor votará no próximo domingo (26) pouco esclarecido a respeito dos estreitos limites econômicos dentro dos quais o Brasil precisará ser governado.
Tão certa quanto as dificuldades presentes, porém, é a necessidade de o país registrar taxas de expansão condizentes com o futuro que a nação enxerga para si.
As coisas não vão bem. De 2011 a 2014, nossa economia terá crescido à média anual de 1,6%. A renda por habitante terá avançado 0,7% ao ano -- nesse ritmo, dobrará de tamanho somente após um século.
Talvez não seja grande problema para países cujo PIB per capita supera US$ 40 mil anuais, como os EUA, a Alemanha e a Suécia. Para o Brasil e seus medianos US$ 11 mil, ter passado quatro anos perto da estagnação é uma lástima.
A fim de enfrentar os desafios de desenvolvimento de uma sociedade que se aproximará dos 230 milhões de habitantes em 30 anos, a marcha da renda per capita brasileira precisaria quadruplicar. Isso significa elevar o incremento do PIB para 3,5% ao ano, em média.
As candidaturas finalistas desta eleição presidencial por certo concordam com tal diretriz. Quando, contudo, deveriam consignar os meios que defendem e os compromissos que se dispõem a assumir para chegar a esse resultado, nenhuma oferece resposta suficiente.
Veio da presidente Dilma Rousseff (PT) a iniciativa mais frustrante. As peças que fez publicar e os textos que veiculou a título de programa de governo não se distinguem da panfletagem publicitária.
A autocrítica à condução equivocada da economia nos últimos quatro anos apenas se entrevê no palavrório estéril de slogans como "Governo novo, ideias novas" ou "Mais mudanças, mais futuro". Insinua-se também no gesto inusitado de anunciar a troca do ministro da Fazenda em caso de reeleição.
No plano entregue à Justiça Eleitoral, destaca-se, por ironia, a ideia de uma política econômica sólida, "intransigente no combate à inflação e que proporcione um crescimento econômico e social robusto e sustentável". A diretriz da candidata trai a gestão da presidente.
O senador Aécio Neves (PSDB), por sua vez, preocupou-se em satisfazer o direito do eleitor de conhecer parte do que o candidato pretende fazer na economia.
Compromete-se, por exemplo, com garantir autonomia ao Banco Central, perseguir o centro da meta da inflação e diminuí-la ao longo do mandato, além de equacionar arrecadação e gastos (inclusive com subsídios camuflados nos bancos públicos) com o propósito de reduzir a dívida pública.
O tucano, entretanto, tenta iludir o público com a ideia de que sua simples chegada ao poder provocaria um choque de confiança capaz de bem encaminhar os principais problemas econômicos do país. É uma falácia que ajuda a lançar uma cortina de fumaça sobre sua verdadeira agenda de governo.
A semiestagnação produtiva e os desequilíbrios da atual política econômica demandarão decisões custosas e impopulares de qualquer um que seja eleito.
Diante da candura ora demonstrada por Aécio e Dilma, e considerando a divisão do eleitorado, pode-se prever uma onda de decepção popular com o presidente nos próximos dois anos, pelo menos.
A decepção virá, por exemplo, porque a escolha de recuperar o dilapidado índice de poupança do governo federal (o chamado superavit fiscal) implica aumentar a coleta de impostos dos contribuintes.
A carga tributária já é elevadíssima, mas deixar tudo como está acarretará deterioração adicional das finanças públicas, crescimento da dívida do governo e aumento dos juros para toda a sociedade.
Outro dilema cuja resolução produzirá descontentamento envolve energia elétrica e combustíveis. Parece inevitável um aumento significativo na conta de luz e na bomba de gasolina, o que produz impactos importantes também na inflação.
Os candidatos contornam o assunto agora para ganhar os votos daqueles que, no futuro, poderão vir a criticá-los pela desfaçatez.
Se a gestão imediata dos assuntos econômicos já se revela desgastante, que dirá dos temas estruturais do desenvolvimento. Nem Aécio Neves nem Dilma Rousseff dizem como lidarão com a Previdência. Trata-se, todavia, da maior fonte de despesas sociais do Brasil.
A necessidade de recursos e a dificuldade de encontrá-los só aumentarão com o envelhecimento da população; há distorções claras, como no dispêndio com pensões por morte e aposentadoria de servidores; o regime de reajustes vinculados ao salário mínimo implica elevação obrigatória da parcela do PIB destinada ao governo.
Como se isso fosse irrelevante, os candidatos silenciam. Entretanto, se nada for feito em relação a todos esses pontos, o Brasil vai crescer menos no futuro próximo, porque faltará dinheiro para investir na produção e na educação, para citar dois setores diretamente associados a um ciclo virtuoso.
O Brasil só se livrará da enrascada do baixo crescimento -- e da maldição de atravessar este século aferrado ao clube dos países de renda apenas média -- com um contínuo e significativo incremento na quantidade de bens e serviços produzidos por trabalhador.

Não será fácil, e a omissão risonha e o descompromisso que os candidatos demonstram na campanha só tornarão mais amargas as desilusões dos próximos anos.

sábado, 18 de outubro de 2014

As diferenças nas ideias econômicas de Aécio e Dilma.

Texto na revista ÉPOCA desta semana, relaciona as as diferenças nas ideias econômicas de Aécio Neves e Dilma Rousseff e isso é muito importante neste momento de eleições. 

Para os meus ainda fiéis leitores e eleitores, uma boa reflexão ainda nesta semana, antes do dia 26. 

Os candidatos Aécio Neves, do PSDB, e Dilma Rousseff, do PT, rolaram na lama nos últimos dias, atracados numa violenta briga eleitoral. Acusações e denúncias têm seu papel no debate. Parte dos eleitores decide o voto na suposição de que um candidato seja mais honesto que outro. Mas a parte dos eleitores que prefere escolher ideias se sente abandonada, ao tentar encontrar algum diamante no meio do lamaçal. Por isso, vale a pena avaliar com carinho as ideias em confronto. Os dois candidatos e seus partidos representam hoje visões bem distintas sobre como funciona a economia e como um governo pode contribuir com a prosperidade dos cidadãos. Para esclarecê-las, convidamos economistas ligados às duas campanhas a explicar suas ideias.

Tanto o ideário econômico de Aécio como o de Dilma resultam da interação de diferentes correntes de pensamento. No caso de Aécio, a mais evidente no momento é o princípio do liberalismo econômico. Na tradição brasileira, liberais defendem que o Estado seja comedido. Cabe ao governo cumprir funções fundamentais, como prover segurança, educação, ou garantir a estabilidade econômica – controlar a inflação, dar bom rumo às contas públicas e revelar com transparência como cumpre essas tarefas. “O PSDB de hoje acredita que cabe ao mercado usar os recursos da melhor forma possível e ao Estado criar regras apenas para corrigir as falhas de mercado”, diz o economista Fernando Holanda Barbosa Filho, professor do Ibre-FGV.

Liberal em economia, no Brasil, é o governo que dá o máximo de liberdade possível aos agentes, como os profissionais e as empresas. Por esse credo, se o cenário econômico for estável e as regras claras, as empresas farão planos, investirão e criarão empregos. O grande nome dessa corrente no Brasil é o economista Eugênio Gudin (1886-1986). Mas não há sentido em chamar Aécio e o PSDB de economicamente liberais, muito menos xingá-los de “neoliberais”. O liberalismo é um princípio, não um programa de governo. Pode-se usá-lo com diferentes intensidades. No Brasil, uma boa dose seria bem-vinda, pois nossa economia ainda é fechada ao mundo, tem presença exagerada do Estado em comparação com países desenvolvidos e barra com burocracia o caminho dos empreendimentos. Resolver esses entraves exige uma aplicação bem calibrada de liberalismo.

A influência dos economistas liberais no PSDB começou no governo Itamar Franco, em 1993. O então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, incumbido de enfrentar a hiperinflação, reuniu um grupo deles. A reunião resultou no Plano Real e no fim da hiperinflação. Esses economistas mantiveram sua influência no governo Fernando Henrique, a partir de 1994. Eles apresentaram ao país conceitos importantes de gestão pública, como responsabilidade fiscal, metas de inflação e agências reguladoras com autonomia, de que nos beneficiamos até hoje. O pensamento econômico liberal deverá se manter em alta no partido, caso Aécio seja eleito, porque se opõe frontalmente à estratégia econômica do governo Dilma. “Há duas visões do que é incentivo a quem produz e cria empregos. Para o PT, é dar dinheiro, subsídio, financiamento. Para o PSDB, é criar regras atraentes, inspirar credibilidade, confiança”, diz a economista Monica de Bolle, doutora em economia pela London School of Economics. Pesquisadora visitante no Wilson Center, nos Estados Unidos, ela hoje prepara um livro crítico sobre o governo Dilma Rousseff.

O liberalismo dos economistas que apoiam Aécio é temperado com a social-democracia. Trata-se de uma ideia nascida na Europa, na segunda metade do século XIX. Originalmente, defendia uma transição pacífica do capitalismo para o socialismo. Ao longo do século XX, evoluiu. Deixou para trás conceitos empoeirados, como o conflito de classes e a vilipendiação do empresário. Na concepção moderna, busca justiça social sem abrir mão da economia de livre mercado. Esse conceito fundamental norteou a criação do PSDB, em 1988.

Dilma também se alimentou de duas fontes principais para formar seu credo econômico. Ela é uma desenvolvimentista. Essa corrente de pensamento surgiu em países subdesenvolvidos, em reação à Grande Depressão, iniciada em 1929. A crise varreu o mundo – no Brasil, sumiram os empregos na lavoura cafeeira, principal atividade do país naquela época. Nesse cenário, surgiram economistas dispostos a não dar chance ao acaso e garantir o desenvolvimento por meio de planejamento estatal. No Brasil, o principal nome dessa escola econômica foi Celso Furtado (1920-2004). Dilma, como boa desenvolvimentista, acredita que cabe ao governo mais que regular e garantir estabilidade. Por essa visão de mundo, cabe ao Estado fazer o que for necessário para promover o crescimento – investir, contratar, emprestar ou produzir ele mesmo. A “nova matriz econômica” defendida pelo governo Dilma nos últimos anos consistiu em tolerar mais inflação, oferecer mais crédito e estimular o consumo. Essa receita deveria incentivar as empresas a investir mais, para atender os consumidores. Esse resultado, até o momento, não apareceu. O governo passou também a agir de maneira pontual, com subsídios e intervenções em setores que considerou estratégicos e com apoio a grandes empresas que considerou ter chances de se tornar multinacionais com poder de fogo global. Esse curso de ação manteve empacados o investimento e a produtividade. Seu efeito positivo foi disseminar o surgimento de empregos, mesmo que de baixa remuneração e qualificação. A combinação de baixo desemprego, aumento real do salário mínimo, expansão do Bolsa Fa­mília e da oferta de crédito teve efeito poderoso no bem-estar dos brasileiros durante a maior parte dos 12 anos de governo petista. “O PT dá mais ênfase às políticas sociais. Por essa visão, o Estado é importante para contribuir com a redução das desigualdades sociais, porque o mercado é incapaz de propiciar isso à população excluída do sistema. Estamos num país com desigualdades muito gritantes”, afirma o economista Fabrício de Oliveira, ex-professor da Unicamp e da UFMG. Oliveira foi um dos economistas a assinar o manifesto “O Brasil não quer voltar atrás”, de apoio a Dilma, publicado na terça, dia 14.


A outra fonte em que bebe o pensamento econômico de Dilma é o trabalhismo. Ela iniciou carreira no PDT, representante de uma esquerda moderada e pragmática, orientada para a conquista de resultados para os assalariados. O PT nasceu em 1980, num momento em que o ideário socialista ainda cativava, mundo afora, os idealistas ingênuos, os desiludidos com a democracia e os desinformados de economia – ainda que já se comprometesse mais com resultados práticos do que com princípios ideológicos. Mesmo assim, o PT era um partido sectário, que tendia a dividir o mundo em explorados e exploradores. Essa visão de mundo evoluiu gradualmente, à medida que ganharam força, no exterior, movimentos trabalhistas mais dispostos a negociar e a buscar resultados práticos. Formou-se nesse caldeirão o maior líder do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma ingressou no PT em 2001 e mostrou-se mais apegada a ideologias que Lula. No momento, é difícil ver isso como uma vantagem. 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

MANIFESTO DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DE ECONOMIA.

Este texto é um manifesto de um grupo de 164 professores universitários de Economia, ligados a diversas instituições no Brasil e no exterior. O nosso objetivo é desconstruir um dos inúmeros argumentos falaciosos ventilados na campanha eleitoral.

1) Não há, no momento, uma crise internacional generalizada.
Alguns de nossos pares na América Latina, uma região bastante sensível a turbulências na economia mundial, estão em franca expansão econômica.
Projeta-se, por exemplo, que a Colômbia cresça 4,8% em 2014, com inflação de 2,8%. Já a economia peruana deve crescer 3,6%, com inflação de 3,2%. O México deve crescer 2,4%, com inflação de 3,9%.1
No Brasil, teremos crescimento próximo de zero com a inflação próxima de 6,5%.
Entre as 38 economias com estatísticas de crescimento do PIB disponíveis no sítio da OCDE, apenas Brasil, Argentina, Islândia e Itália encontram-se em recessão.
Como todos os países fazem parte da mesma economia global, não pode haver crise internacional generalizada apenas para alguns.
É emblemático que, dentre os países da América do Sul, apenas Argentina e Venezuela devem crescer menos que o Brasil em 2014.1
2) Neste cenário de baixo crescimento e inflação alta, a semente do desemprego está plantada. E os avanços sociais obtidos com muito sacrifício ao longo das últimas décadas estão em risco.
 3) O atual governo tenta se eximir de qualquer responsabilidade pelo nosso desempenho econômico pífio e culpa a crise internacional. Entretanto, como a realidade dos fatos mostra que não há crise internacional generalizada, a explicação só pode ser outra.
 4) Em grande parte, atribuímos o desempenho medíocre da economia brasileira e a perspectiva de retrocesso nas conquistas sociais às políticas econômicas equivocadas do atual governo. 
5) O atual governo ressuscitou os fantasmas da inflação e da instabilidade macroeconômica.
Uma política monetária inadequada gerou a suspeita de intervenções de cunho político no Banco Central, que foi fatal para sua credibilidade.
A utilização recorrente de truques contábeis destruiu a confiança na política fiscal.
Esta combinação de políticas monetária e fiscal opacas e inadequadas gerou um cenário macroeconômico extremamente adverso, com inflação alta e crescimento baixo. 
6) O governo Dilma amedrontou os investimentos.
Houve mudanças constantes e inesperadas de regras, como alterações arbitrárias de alíquotas de impostos.
Diante desta instabilidade das regras do jogo, a desconfiança aumentou e o horizonte dos empresários encurtou.
O acesso privilegiado aos órgãos governamentais passou a ser uma atividade mais lucrativa que o planejamento e investimento de longo prazo. 
7) A mudança das regras do jogo não afetou apenas a iniciativa privada.
O excesso de intervencionismo nas empresas estatais, como o represamento artificial dos preços de energia e gasolina, minou a capacidade de investimento dessas empresas.
Por conta de empreendimentos questionáveis do ponto de vista econômico, a capacidade de investimento da Petrobrás foi comprometida. 
8) O atual governo expandiu a oferta de crédito subsidiado de forma discricionária e irresponsável.
A distribuição arbitrária de crédito subsidiado produz distorções na alocação de recursos do país e contribui para o baixo crescimento econômico.
Os subsídios envolvidos geram altos custos fiscais que o atual governo tenta esconder com malabarismos e truques contábeis. Estes expedientes destruíram a confiança nas estatísticas fiscais do país.
Os recursos gastos na forma de subsídios injustificados poderiam ser utilizados para ampliar programas sociais e investimentos públicos em educação, saúde e infra-estrutura.
O Brasil precisa continuar avançando na direção de uma sociedade mais justa e igualitária, com melhor distribuição de renda.
Além de deletéria para o desenvolvimento do país, a política de distribuição arbitrária de crédito subsidiado para grandes grupos econômicos é concentradora de renda.
No ambiente econômico do Brasil de hoje, os frutos de um novo empreendimento podem ser facilmente corroídos por mudanças inesperadas nas regras do jogo, pela alta inflação e pelo baixo crescimento econômico. Portanto, não é surpreendente que o investimento tenha colapsado. Sem investimento, o Brasil jamais retomará o seu caminho para o desenvolvimento. E sem desenvolvimento, os avanços sociais obtidos com muito sacrifício ao longo das últimas décadas sofrerão retrocessos.
O Brasil tem sérios desafios pela frente e para enfrentá-los precisamos de um debate transparente e intelectualmente honesto. Ao usar de sua propaganda eleitoral e exposição na mídia para colocar a culpa pelo fraco desempenho econômico recente na conjuntura internacional, se eximindo da sua responsabilidade por escolhas equivocadas de políticas econômicas, o atual governo recorre a argumentos falaciosos. 

14 de outubro de 2014

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Aécio e Dilma: a economia decidirá o resultado.


Sou ibiapinense, cearense, nordestino, brasileiro e há vários anos acompanho as disputas eleitorais. Trabalho desde muito cedo e conheço razoavelmente desde as grandes metrópoles até os diversos grotões deste grande Brasil. Na atual disputa eleitoral, agora em sua fase final, tenho acompanhando a devida posição política de cada um dos que me seguem nas redes sociais e, com a devida atenção, observado como cada um defende o seu voto, alguns de forma bastante sectária. Isso, porém faz parte da democracia, que como disse Sir Winston Leonard Spencer-Churchill "a democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas."
Isso posto, respeito à individualidade das opiniões e peço apenas que reflitam bem antes do próximo dia 26 sobre o seu próprio voto. Procurem pensar no Brasil que desejamos e que, lamentavelmente, na atual conjuntura, não temos uma liderança inconteste para realizar a transformação que coloque todo o Brasil como um país de primeiro mundo mesmo. De qualquer maneira as candidaturas de Aécio Neves e Dilma Rousseff estão neste momento concorrendo pela Presidência da República e pleiteando o seu, o meu, o nosso voto.
Apesar de ser contrário ao voto obrigatório, espero que todos que estarão presentes ao ato de votar, realmente pensem no que for o melhor para o Brasil. Infelizmente dia 26 estarei em Limeira – SP e não poderei realizar a minha própria escolha. No entanto, tenho a certeza que vocês optarão pelo o que temos hoje de melhor para o BRASIL

domingo, 12 de outubro de 2014

Minhas irritações com a presidente.

IVES GANDRA DA SILVA MARTINS, 79, advogado, é professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra e escreveu este artigo na Folha de S. Paulo.
Para reflexão dos indecisos de segundo turno... 
Em 16 de março de 2011, publiquei nesta Folha um artigo em que apoiava a presidente Dilma e seu vice, Michel Temer --meu confrade em duas Academias e companheiro de conferências universitárias--, pelas ideias apresentadas para o combate à corrupção e a promoção do desenvolvimento nacional.
Como mero cidadão, não ligado a qualquer partido ou governo, tenho, quase quatro anos depois, o direito de expressar minha irritação com o fracasso de seu governo e com as afirmações não verdadeiras de que o Brasil economicamente é uma maravilha e que seu governo é o paladino da luta contra a corrupção.
Começo pela corrupção. Não é verdade que, graças a ela, os oito anos de assalto à maior empresa do Brasil, estão sendo rigorosamente investigados. Se quisesse mesmo fazê-lo, teria apoiado a CPI para apurar os fantásticos desvios, no Congresso Nacional.
A investigação se deve à independência e à qualidade da Polícia e do Ministério Público federais que agem com autonomia e não prestam vênia aos detentores do poder. Nem é verdade que demitiu o principal diretor envolvido. Este, ao pedir demissão, recebeu alcandorados elogios pelos serviços prestados!
Por outro lado, não é verdade que a economia vai bem. Vai muito mal. Os recordes sucessivos de baixo crescimento, culminando, em 2014, com um PIB previsto em 0,3% pelo FMI, demonstram que seu ministro da Fazenda especializou-se em nunca acertar prognósticos.
Acrescente-se que também não é verdade que controla a inflação, pois, se o PIB baixo decorresse de austeridade fiscal, estaria ela sob controle. O teto das metas, arranhado permanentemente, demonstra que a presidente gerou um baixo PIB e alta inflação.
Adotando a pior das formas de seu controle, que é o congelamento de tarifas, afetou a Petrobras e a Eletrobras, fragilizando o setor energético, além de destruir a indústria de etanol, sem perceber que desde Hamurabi (em torno de 1700 a.C.) e Diocleciano (301 d.C.) o controle de preços, que fere as leis da economia de mercado, fracassou, como se vê nas economias argentina e venezuelana, que estão em frangalhos.
O mais curioso é que o Plano Real, que tanto foi combatido por Lula e pelo PT, é o que ainda dá alguma sustentação à Presidência.
Em matéria de comércio internacional, os governos anteriores aos atuais conseguiram expressivos saldos na balança comercial, que foram eliminados pela presidente Dilma. Apenas com artimanhas de falsas exportações é que conseguiu obter inexpressivos saldos. O "superavit primário" nem vale a pena falar, pois os truques contábeis são tantos, que, se qualquer empresa privada os fizesse, teria autos de infração elevadíssimos.
Seu principal eleitor (o programa Bolsa Família) consome apenas 3% da receita tributária. Os 97% restantes são desperdiçados entre 22 mil cargos comissionados, 39 ministérios, obras superfaturadas, na visão do Tribunal de Contas da União, e incompletas.
Tenho, pois, como cidadão que elogiou Sua Senhoria, no início --para mim Sua Excelência é o cidadão, a quem a presidente deve servir--, o direito de, no fim de seu governo, mostrar a minha profunda decepção com o desastre econômico que gerou e que me preocupa ainda mais, por culpar os que criam riqueza e empregos em discurso que pretende, no estilo marxista, promover o conflito entre ricos e pobres.
Gostaria, neste artigo --ao lembrar as palavras de apoio daquele que escrevi neste mesmo jornal quase quatro anos atrás--, dizer que, infelizmente, o fracasso de seu projeto reduziu o país a um mero exportador de produtos primários, tornando este governo um desastre econômico.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...