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terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

domingo, 27 de novembro de 2011

Ronan Farrow - genial.



 Li este texto hoje no UOL e lembrei que não inventaram nada melhor do que a inteligência.

"Aquele garotinho? Tem certeza de que é com aquele garotinho ali que você quer falar?", perguntou, incrédulo, o assessor de imprensa do Departamento de Estado americano.

Durante uma festa do governo, ele se desdobrava para trazer figurões, como a secretária de Estado, Hillary Clinton, até os jornalistas.

O tal garotinho é Ronan Farrow, 23 anos, assessor especial de Hillary para questões da juventude mundial.

Ele é também o único filho biológico da atriz Mia Farrow com o cineasta Woody Allen. Menino prodígio, começou a falar aos sete meses e ler aos dois anos, entrou para a universidade aos 11 e foi aceito no curso de direito de Yale aos 16. Mas, no Departamento de Estado, ele ainda é "aquele garotinho".

"Já passei por vários momentos embaraçosos por ser jovem e desconhecido. A velha guarda fala comigo com condescendência e, às vezes, até certo menosprezo. O que importa é que a chefe dá apoio total ao meu trabalho", diz Ronan, em entrevista à Serafina.

Filho de Woody Allen e Mia Farrow, Ronan Farrow destaca-se como garoto-prodígio ao lado de Hillary Clinton

Não foi fácil falar com o rapaz. Flashes e gravadores provocam nele um óbvio desconforto. Natural para alguém que, aos quatro anos, se viu no centro de um escândalo de repercussão mundial.

Vale relembrar alguns momentos dessa história. Depois de dois casamentos fracassados -- com Frank Sinatra e com o músico André Previn --, Mia Farrow teve um relacionamento de 12 anos com Woody Allen, que também já tinha sido casado duas vezes.

Eles viviam em casas separadas pelo Central Park, em Nova York. Os dois gostavam de se observar com binóculos, de caminhar de manhã lado a lado no parque e de trabalhar.

Juntos, fizeram 13 filmes -- entre eles, "Hannah e Suas Irmãs" (1986), "A Rosa Púrpura do Cairo" (1985) e "A Era do Rádio" (1987).

Juntos, também adotaram duas crianças e, finalmente, tiveram Ronan. "A falta de entusiasmo de Woody (com a gravidez) era deprimente", escreveu Mia em sua biografia, "What Falls Away", de 1997. O nascimento do garoto não ajudou. De fato, Woody contaria depois que o relacionamento sexual do casal começou a se deteriorar com a chegada do filho.

A vida, então, tomou um rumo "woodyalleano" e, em janeiro de 1992, Mia encontrou fotos polaroides de Soon-Yi, sua filha adotiva com Previn, na casa do cineasta. A menina de 21 anos estava nua, de pernas abertas.

A atriz ainda estava filmando o que seria a sua última parceria com o cineasta, o ótimo e muito autobiográfico "Maridos e Esposas". Na história, ele faz o papel de um professor casado (com a personagem de Mia), que se envolve com uma jovem aluna (Juliette Lewis).

Na vida real, Soon-Yi se mudou para o apartamento de Woody, no East Side. Chocada, Mia ainda acusou o cineasta de abusos sexuais contra uma das crianças que o casal adotou, Dylan, uma menina dois anos mais velha que Ronan.

Ele, então, resolveu brigar na justiça pela custódia dos três filhos. As acusações de abuso nunca foram provadas.

Mas Mia ganhou a briga e ficou com a guarda das crianças. Woody ganhou o direito de ver Ronan três vezes por semana, em visitas monitoradas de duas horas.

A relação de pai e filho, que nunca tinha sido muito boa, se deteriorou. Ronan não tem qualquer contato com o pai desde 1995, quando ainda tinha sete anos.

De volta a 2011, não é difícil entender porque o assessor do Departamento de Estado leva mais de dez minutos para convencer "aquele garotinho" a ir até a área dos jornalistas.

Quando finalmente veio, encheu a repórter de perguntas. Por fim, deu o contato de sua secretária e, depois de duas semanas, concordou em dar uma entrevista por telefone -- desde que fosse sobre sua trajetória profissional.

Só quando o assunto é trabalho, Ronan abre a guarda, fala sem parar e até dá seu email e o número do telefone celular.

"Desde cedo, fiz viagens incríveis com minha mãe para locais de conflito. Em Darfur, no Sudão, sofri muito ao ver as condições de vida do povo. Na volta, tive minha maior vitória: participei de um protesto que acabou fazendo com que os fundos de pensão das universidades parassem de comprar ações de empresas que negociam com o Sudão", conta, empolgado.

Mia e o filho têm muito em comum. Os olhos azuis, os cabelos louros acinzentados e o interesse por direitos humanos são algumas características compartilhadas.

Entre os 14 filhos da atriz -- quatro biológicos e dez adotivos--, Ronan sempre foi o mais próximo. Quando, aos 11 anos, ele entrou para o Bard College, Mia levava o filho às aulas diariamente. Dirigia sua minivan verde por uma hora e meia desde a casa da família, em Connecticut, para onde se mudou depois da separação.

Como Ronan era muito novo para ir de uma sala de aula à outra, a atriz passava o dia no campus com o filho.

Do pai, ele herdou o corpo franzino, a pouca altura (1,68m) e o gosto por música. Assim como Woody faz com o clarinete, Ronan toca guitarra para relaxar: "Tem uma sala de música no Departamento. É para onde vou quando sobra tempo".

Ao que parece, não sobra muito. Depois de três anos vivendo em Washington, ele nunca apareceu em colunas sociais.

O restaurante que mais frequenta é a cafeteria do trabalho. "Tem dia que faço as três refeições lá", diz ele, que costuma contar o que comeu no Twitter. "Se a China soubesse o que a cafeteria do Departamento de Estado vende como comida chinesa, teríamos um incidente diplomático", escreveu.

Ronan nunca se interessou pela carreira dos pais e dos avós maternos. Atriz de "O Bebê de Rosemary" e de mais de 40 outros filmes, Mia é filha do diretor John Farrow e da atriz Maureen O'Sullivan, que ficou famosa como a Jane do Tarzan.

Desde cedo, seu interesse é por ativismo e política. Antes de assumir, em junho, o cargo de assessor de Hillary e diretor do setor de juventude mundial, Ronan trabalhou dois anos no próprio Departamento de Estado, como assessor especial para Assuntos Humanitários e ONGs com foco no Afeganistão e no Paquistão.

Ele também tem no currículo o cargo de porta-voz da Unicef na Nigéria, Angola e Darfur e o Prêmio Humanitário McCall-Pierpaoli de 2008. Para completar o histórico, Ronan publicou artigos em jornais como "Wall Street Journal" e "International Herald Tribune" e trabalhou, nos tempos de Yale, como advogado para uma firma conceituada de Nova York.

Um dos próximos destinos do ativista político é o Brasil, que já foi citado em seus discursos e no Twitter:

"Temos vários programas interessantes em conjunto, como o dos Jovens Embaixadores. O Brasil tem aparecido no cenário mundial com uma resposta vibrante à realidade da população jovem. No ano que vem, finalmente vou conhecer o país durante o Rio+20 [Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que será realizada no Rio de Janeiro, em junho de 2012]."

Curiosamente, Ronan Farrow já trocou de nome duas vezes. Nos primeiros anos de vida, era chamado pelo primeiro nome, Satchel, homenagem do pai a um famoso jogador de beisebol americano.

Depois que o casal se separou, Satchel passaria a ser chamado de Seamus. Ao se formar em Yale, virou Ronan.

"Não mudei de nome legalmente. Tenho vários nomes e posso escolher", justifica, dizendo que na certidão seu nome é Satchel Seamus Ronan O'Sullivan Farrow.

O sobrenome do pai não entrou porque Mia já tinha oito filhos quando Ronan nasceu e não queria que ele fosse o único diferente entre seis Previns e dois Farrows. Quem disse que nome não é destino?

*
Linha do tempo
A vida de Ronan Farrow e a obra de seu pai.

19/12/1987
Ronan nasce de cesariana e mora com a mãe e os irmãos no apartamento de oito quartos da Central Park West, onde Allen filmou os jantares de "Hannah e Suas Irmãs".

1 ano (1988)
Segundo o cineasta, no aniversário de um ano do filho, a relação já era "totalmente platônica". Neste ano, Woody lança o filme "A Outra" (1988). Mia faz o papel de uma grávida que pensa em suicídio.

2 anos (1989)
O cineasta não quer que a atriz amamente o filho, o que ela faz até os dois anos e meio. Os pais fazem três outros filmes juntos: "Crimes e Pecados" (1989), "Contos de Nova York" (1989) e "Simplesmente Alice" (1990). Neste último, a personagem de Mia deixa o marido, vai criar os filhos sozinha e se dedicar a trabalhos voluntários.

4 anos (1991)
Mia reúne os filhos mais velhos e Soon-Yi para discutir a crise familiar. O caçula, Ronan, assiste à "Pequena Sereia" na sala ao lado. Soon-Yi decide deixar a família.

8 anos (1995)
Ronan já lê Kafka, Camus e Sartre. Woody lança "Poderosa Afrodite" (1995). O filme conta a história de um casal que adota uma criança brilhante, filho de uma prostituta.

10 anos (1997)
Woody e Soon-Yi se casam na Itália. O filme do cineasta deste ano é "Desconstruindo Harry" (1997), em que ele faz o papel de um escritor em crise criativa e odiado pelas três ex-mulheres.

11 anos (1998)
Ronan se torna o estudante mais jovem do Bard College e entra para o Hall da Fama dos Jovens Superdotados (YEGS Hall of Fame, em inglês). Woody, que está lançando "Poucas e Boas" (1999), fica sabendo da novidade por jornalistas.

12 anos (1999)
O cineasta assina um contrato de cinco filmes com a DreamWorks, de Steven Spielberg. Seriam considerados alguns dos piores do diretor.

15 anos (2002)
Ronan escreve uma tese sobre ciência política e se forma com nota máxima no Bard College. A DreamWorks lança a comédia "Igual a Tudo na Vida" para atrair 
o público jovem aos filmes de Woody Allen.

16 anos (2003)
Ronan é aceito para o curso de direito da Universidade de Yale. Ele já trabalha como porta-voz da Unicef e assistente de político. No filme "Melinda e Melinda" (2004), um personagem diz: "O importante é quem você conhece. A vida é uma rede de contatos".

17 anos (2004)
O "Daily Mail" entrevista Ronan: "Ele é meu pai e se casou com minha irmã. Isso é uma transgressão moral. Eu não posso vê-lo. Não posso ter uma relação com meu pai e ser moralmente consistente". Woody Allen diz que o escândalo foi um golpe de sorte em sua vida. O brilhante "Match Point", sobre sorte e destino, entra em cartaz.

2008 / 21 anos
Ronan entra no Departamento de Estado. Woody lança "Tudo Pode Dar Certo", sobre o relacionamento de um homem mais velho com uma mulher jovem. Ele e Soon-Yi continuam juntos e têm duas meninas adotivas. Elas não conhecem o irmão.

domingo, 26 de julho de 2009

A ECONOMIA AMERICA E A ELEIÇÃO BRASILEIRA EM 2010

Gosto de postar o próprio texto em sua íntegra para facilitar sua leitura, sem que o leitor tenha a necessidade de ir a outro local para lê-lo. Abaixo, direto do VALOR, uma mensagem que precisamos avaliar, considerando como vem sendo conduzida a política econômica brasileira hoje e o que vem para 2010.
Os alertas de Bernanke

Os juros americanos vão continuar baixos por longo tempo e novas medidas de apoio à recuperação econômica poderão ser tomadas pelo Federal Reserve (Fed). Mas, apesar disso, já é tempo de se pensar numa estratégia para a fase seguinte, quando será preciso desmontar as medidas de combate à recessão. As duas mensagens foram transmitidas pelo presidente do Fed, Ben Bernanke, em depoimentos na Câmara e no Senado, em Washington. O governo brasileiro deveria prestar atenção principalmente à segunda mensagem, porque todo o mundo será afetado quando a política de juros próximos de zero chegar ao fim na maior potência econômica do mundo.

As perspectivas da economia americana parecem estar melhorando, mas a recuperação será lenta e o desemprego permanecerá elevado por muito tempo, segundo Bernanke. Os consumidores ainda estão muito endividados e os preços dos imóveis - apesar de algum aumento recente - permanecem muito baixos. O consumo, portanto, só voltará a crescer muito devagar e a lentidão deverá estender-se pelo próximo ano, advertiu o presidente do Fed. O aviso vale também para os demais países: com os consumidores retraídos ainda por muito tempo, as importações americanas deverão crescer também lentamente. Durante anos, o consumo nos Estados Unidos foi um dos principais motores da economia mundial. Esse motor, pela avaliação dos economistas do Fed, reproduzida nos depoimentos de Bernanke, deverá continuar em marcha lenta pelo menos até o fim do próximo ano. Não há, por enquanto, sinal de pressões inflacionárias e esse quadro, de acordo com o presidente do Fed, não mudará antes de uma firme reativação da economia. Por longo tempo o objetivo da política monetária continuará sendo o fortalecimento da atividade econômica. Quando for preciso mudar, o aperto da política deverá ser gradual e o Fed, segundo Bernanke, dispõe dos instrumentos para promover a reorientação. Mas a próxima etapa não vai depender apenas da autoridade monetária. Também é preciso, de acordo com o presidente do Fed, pensar desde já em como desmontar os enormes incentivos fiscais concedidos pelo Tesouro desde o agravamento da crise, nos meses finais do ano passado. Isso é tarefa não só para o Executivo, mas também para o Congresso, porque os parlamentares têm uma importante participação no desenho do orçamento federal. "Se não demonstrarmos um firme compromisso com a estabilidade fiscal, correremos o risco de não ter nem estabilidade financeira nem crescimento econômico durável", advertiu Bernanke durante o depoimento na Câmara de Representantes. Esta advertência contém mais do que as palavras expressam: se Executivo e Congresso não fizerem sua parte, cuidando da arrumação do orçamento, o Fed terá muito mais trabalho para neutralizar o efeito inflacionário das medidas tomadas contra a recessão. Na melhor hipótese, portanto, o Tesouro cuidará de sua parte e começará a desmontar no momento adequado os incentivos ao consumo e a vários setores produtivos. Isso facilitará a transição, mas, ainda assim, sobrará um enorme endividamento, se o déficit fiscal atingir os níveis previstos para este ano e para o próximo, em torno de US$ 1,8 trilhão no exercício fiscal de 2009 e de US$ 1,2 trilhão no seguinte. Será preciso rolar uma dívida bem maior que a dos anos anteriores à crise e isso pressionará, provavelmente, os juros correntes no mercado. Ao mesmo tempo, o aperto da política monetária, mesmo gradual, também contribuirá para encarecer o crédito. O efeito será pior se o ajuste fiscal for deixado para mais tarde. A dívida pública e a evolução dos juros americanos serão assuntos importantes para quem vencer a eleição presidencial do Brasil. Se o sucessor do presidente Lula herdar um orçamento em estado razoável, poderá atravessar o ajuste pós-crise sem maior dificuldade. Se precisar correr atrás de financiamento, terá um difícil início de governo. Se o presidente Lula continuar aumentando os gastos para ganhar a eleição, deixará um legado incômodo para seu sucessor - e para o País.

sábado, 25 de julho de 2009

ECONOMIA EM CRISE E DUAS MALAS EXTRAS

Além da economia continuar nesta crise mundial (porém, bravamente resistindo e certa da vitória), ainda temos que acompanhar DOIS complexos assuntos que, cada qual à sua maneira, conseguem adiar o retorno aos bons tempos.
Com vocês, direto do Diário do Nordeste, da nossa Fortaleza-CE, o mestre SINFRÔNIO.

sábado, 18 de julho de 2009

DA SÉRIE: LEITURA INEVITÁVEL

A coluna na FOLHA do colega PAULO RABELLO DE CASTRO, sempre é daquelas que provocam reflexão e instigam o leitor a conhecer melhor a economia. E neste excelente texto, tem muito a ver com o nosso bolso $$$$. Se a Bíblia registra os dez mandamentos de DEUS, aqui temos também os dez mandamentos do mau imposto. A leitura é até cômica, se o assunto não fosse trágico. Boa leitura a todos.

"RECORDE , CARGA FISCAL CHEGA A 36% do PIB." Com essa manchete, a Folha mostrou, na quarta passada, que chegamos em 2008 à marca oficial dos 36% de peso do Estado nas costas do cidadão. Agora o governo abocanha mais de quatro meses da renda anual dos brasileiros! Nenhuma justificativa plausível existe para descompasso tão gritante entre receita e contraprestação de serviços do governo. Fica claro que uma parcela privilegiada da população já se apropriou da máquina do Estado em proveito próprio.

No livro "Tributos no Brasil: Auge, Declínio e Reforma" (2008), com Ives Gandra Martins e Rogério Gandra, e mais uma dezena de notáveis especialistas, mostramos, mais uma vez, quanto o sistema tributário brasileiro inviabiliza o país como nação justa e madura em nosso patriótico imaginário.

Em alerta contra o continuado desperdício de oportunidades, publico hoje este decálogo da tragédia tributária nacional -para ressaltar que o Brasil não é mais aquela "Belíndia" (mistura de Bélgica com Índia, criação de Edmar Bacha), mas virou "In-gana" - na perspicaz paródia de Delfim Netto -, que assim define o país como sendo metade Inglaterra, pelo nível dos impostos que cobra, e metade Gana (com as devidas desculpas aos ganenses), pela qualidade da contrapartida em serviços do Estado.

Eis o decálogo do mau imposto em "In-gana".

1) "Aqui os pobres pagam o dobro dos ricos." Provado por pesquisas diversas (Fipe, Ipea etc.) que a carga tributária é tão mais pesada quanto menor for seu salário!

2) "No Brasil, para tributar basta flagrar alguém trabalhando." É o único país que pune o trabalho e, especialmente, crucifica a industrialização, via IPI, imposto canalha que Lula sabiamente vem reduzindo. O homem sabe das coisas!

3) "Em "In-gana", só metade da carga fiscal financia os serviços do Estado; a outra metade é -toda ela- para repartir entre juros e aposentadorias!"

4) "Aqui, qualquer reforma tributária será sempre para elevar a carga fiscal, portanto, cuidado com a próxima." Vide a última mudança de alíquotas do PIS e da Cofins, que elevou a carga desses tributos.

5) "O custo administrativo de estar em dia com o fisco no Brasil é provavelmente o mais alto do mundo." Aqui, via de regra, o contribuinte é quem está errado.

6) "Nossa carga tributária recorde corresponde a uma ineficiência previdenciária recorde." Gastamos 12% do PIB para ter uma das previdências menos justas do mundo.

7) "Nos últimos 15 anos (Plano Real), a carga tributária financiou uma conta de juros do tamanho da própria dívida pública original." É o peso financeiro dos políticos.

8) "Com uma crescente carga fiscal, nem o governo investe nem deixa o setor privado investir." O setor público elimina, via tributação, mais de 60% da capacidade de investimento anual do setor privado, assim que essa intenção brota na renda pessoal e, via lucro, nos balanços das empresas.

9) "Contradição: com uma carga fiscal mais baixa (máximo de 30% do PIB), o Brasil poderia crescer o dobro (6% ao ano) até 2020 e arrecadaria o mesmo volume de tributos para o Estado."

10) "O atual regime tributário não permitirá ao Brasil ser líder, nem mesmo dos países vizinhos, quanto menos se projetar na cena mundial." Enquanto perdurar o atual arranjo político e tributário, é melhor para "In-gana" continuar investindo apenas no futebol.

ECONOMIA AMERICANA - ENTREVISTA

Gosto muito de ler entrevistas, principalmente se o assunto é de meu interesse e se entrevistado e repórter são inteligentes. Direto do francês Le Monde, vamos ler juntos o que pensa hoje Timothy Geithner, o Secretário de Tesouro de BARACK OBAMA. Afinal, o peso da economia americana ainda faz tremer determinados mercados econômicos... Além do que, a entrevista é uma aula aula free de ECONOMIA para um bom início de um final de semana.

Le Monde: Qual é o seu maior temor para os próximos meses?

Timothy Geithner:Na verdade, estou mais otimista do que há três meses, e de certa forma acredito que estamos melhores do que poderíamos imaginar no início de 2009. A confiança na política adotada nos Estados Unidos e no mundo está trazendo resultados. O retorno do crescimento passa por se construir novas fundações do sistema. Nossa missão consiste em ir nessa direção. Com perseverança, tenho certeza de que conseguiremos consertar os estragos. Mas isso vai levar tempo, pois estamos atravessando uma recessão muito profunda.

Le Monde: Para quando o sr. prevê o retorno do crescimento?
Geithner: A maioria das previsões contam com uma melhora dos indicadores nos Estados Unidos a partir do quarto trimestre. Em outras partes do mundo, a situação é diferente, ainda que se observem sinais de estabilização. Mais uma vez, nós devemos essas melhoras à confiança instilada pelo G20 de Londres, em abril. É bem diferente da forma como o mundo lidou com a Grande Depressão. Nós soubemos adotar muito rapidamente uma estratégia coletiva. Isso é muito importante para restaurar a confiança.
Le Monde: No entanto, parece que os bancos retomaram seus maus hábitos, preparando-se para pagar bônus enormes. O setor bancário realmente aprendeu algo com a crise?
Geithner: Creio que uma de nossas principais missões consiste em implementar reformas que tornem o sistema mais estável e menos vulnerável. O presidente Obama tomou a decisão estratégica de agir rapidamente, ainda que a crise estivesse em sua fase crítica. Se tivéssemos esperado, teria sido mais difícil encontrar um consenso político. Sabe, é difícil fazer as pessoas mudarem. Devemos tentar fazê-las compreender que isso é necessário para conseguir mais estabilidade. O sistema financeiro americano, com seus empréstimos hipotecários, perverteu o conceito de inovação. Nós queremos criar um sistema mais estável antes que o mundo se esqueça dos erros recentes.
Le Monde: O déficit público americano acaba de ultrapassar a impressionante marca do US$ 1 trilhão (cerca de R$ 1,9 trilhão). Isso não pode prejudicar a confiança dos investidores quanto à capacidade dos Estados Unidos em pagar suas dívidas?
Geithner: Não, creio que não. O déficit é muito grande em razão da recessão e das políticas adotadas nos últimos anos. Mas, assim como outros países, incluindo a França, nós adotamos uma estratégia que consiste em sustentar a demanda para consertar o sistema financeiro e restabelecer o crescimento.
Le Monde: A estabilidade do dólar está ameaçada?
Geithner: O dólar tem um papel muito importante no sistema financeiro internacional, e acredito que ele vai continuar sendo a principal moeda de reserva. Mas reconheço que os EUA devem assumir suas responsabilidades. Não podemos simplesmente solucionar a crise e consertar o sistema financeiro. Mas devemos nos certificar de que ainda temos a capacidade de estabilizar o sistema monetário e financeiro internacional. É importante para os Estados Unidos e para o mundo, e tenho confiança de que conseguiremos.
Le Monde: Quais são seus objetivos para o próximo G20?
Geithner: Primeiramente, devemos nos certificar de que as políticas implementadas permitirão o retorno do crescimento. Em segundo lugar, devemos verificar se estamos fazendo progressos na reforma do sistema financeiro. Em terceiro lugar, devemos fazer o possível para provocar mudanças mais profundas nas instituições financeiras internacionais, garantir uma vigilância mais rígida e uma capacidade financeira mais forte. Nós não queremos, uma vez que vamos sair da crise, repetir determinados desequilíbrios que foram responsáveis por ela. Nosso modelo de crescimento deve ser mais equilibrado e mais estável. É preciso que os americanos poupem mais e que os outros países do mundo se orientem para um desenvolvimento mais provocado pela sua demanda interna. Isso seria saudável. Já estamos observando um grande aumento da taxa de poupança nos Estados Unidos. É bom para nós a longo prazo. Mas isso reflete uma realidade de base - a natureza do crescimento será mais equilibrada.
Le Monde: Essa propensão a poupar mais é uma mudança estrutural ou apenas uma consequência da recessão?
Geithner: É difícil saber. Tendo a pensar que para as famílias, trata-se de uma mudança duradoura de comportamento. Mas não sabemos quanto tempo isso vai durar.
Le Monde: Alguns acreditam que os europeus não têm feito o suficiente em matéria de estímulo. O sr. concorda com essa opinião?
Geithner: Eu nunca disse que os europeus não faziam o suficiente. Nós estamos enfrentando desafios, estruturas políticas e escalas diferentes. O importante é agirmos juntos, e nesse domínio, cada país fez a sua parte.
Le Monde: Algumas personalidades, como o vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman, acreditam que seria necessário um segundo plano de estímulo para os Estados Unidos. O sr. concorda?
Geithner: Ainda não chegou a hora de tomar esse tipo de decisão. O plano atual foi baseado em dois anos. As medidas fiscais já produziram efeitos. Quanto aos grandes investimentos de infraestrutura, que terão um impacto sobre o emprego, esses se concentrarão no segundo semestre.
Le Monde: O Federal Reserve (Fed) decidiu comprar títulos públicos, o que significa financiar diretamente o déficit público. Ele não perdeu parte de sua independência?
Geithner: Não vejo as coisas dessa forma. O Fed faz o que é necessário e adequado em qualquer crise financeira. Nós temos um banco central independente, capaz de manter uma inflação estável a um nível baixo. É muito importante, e é por isso que apoiamos sua ação.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

EM FOCO: A THE ECONOMIST DESTA SEMANA

Mesmo com o dia tendo apenas 24 horas, chegamos na 300ª postagem.
OBRIGADO aos meus quase dois (milhões) leitores que, na medida do possível, acompanham este blog.
E neste especial post, comento a matéria de capa da THE ECONOMIST desta semana sobre o que deu errado na economia. E o elogio a NOURIEL ROUBINI, um dos poucos colegas que alertaram o mundo para esta atual crise.
E para fechar, uma capa como somente a THE ECONOMIST sabe publicar.

sábado, 11 de julho de 2009

REVISTA NOVA NO MERCADO - O PRAZER DA LEITURA

Existe no Brasil uma revista denominada DICTA & CONTRADICTA que está em sua edição nº 3. A revista reúne artigos e resenhas de intelectuais brasileiros e estrangeiros sobre os grandes temas da cultura ocidental: a ética, a filosofia, a literatura e as artes, sob uma perspectiva de longo prazo, desvinculada da política partidária e com uma vocação, na medida do possível, universal.

Com isso, a revista – com uma mentalidade acadêmica, mas sem academicismos – procura atender a uma demanda do mercado por textos de maior transcendência e profundidade.

Altamente recomendável nestes tempos de tanta vulgaridade a solta.

FHC E OS 15 ANOS DO PLANO REAL

Somente quem viveu e conviveu com hiperinflação reconhece os méritos do PLANO REAL e como não devemos acordar o dragão da inflação. Ele não morreu. Está apenas dormindo um sono profundo, mas que pode acordar dependendo de um grito ou de um gasto desnecessário. Para comemorar estes 15 anos de REAL, nada como um texto do nosso Fernando Henrique Cardoso, o próprio FHC, direto do jornal O Estado de São Paulo. A visão de FHC é correta: precisamos ver além de hoje.
O pós-Real

Fernando Henrique Cardoso

Por mais que o governo atual se tenha omitido em rememorar os 15 anos do Real e que o temor da inflação esteja distante do cotidiano das pessoas, muita gente escreveu nas páginas econômicas dos jornais sobre o significado do controle da inflação desde os "longínquos" tempos de 1994. Não cabe, portanto, voltar ao tema.

Desejo chamar a atenção para conquistas que ainda não fizemos ou para as que não me parecem asseguradas. Os progressos na construção de um país mais estável e melhor - depois do cataclismo inflacionário do final dos anos 70 ao início dos 90 - começaram antes de 1994. A organização do Tesouro Nacional, o fim do orçamento monetário, a abertura comercial, a renegociação da dívida externa em outubro de 1993 e o início da renegociação das dívidas dos Estados e municípios foram passos prévios indispensáveis à estabilização. Da mesma forma como foi importante o saneamento financeiro que levou ao fechamento de cerca de cem bancos sob as regras do Proer e do Proes, na época tão vilipendiados por setores da esquerda e da direita que tinham olhares antiquados. A redemocratização do Brasil deu o marco de referência no qual esses processos ocorreram. As modificações foram feitas às claras, com muita luta no Congresso e nos tribunais, sem "tapetão".
Até que ponto a estabilidade está garantida? Depende: se o tripé da política econômica (metas de inflação, câmbio flutuante e Lei de Responsabilidade Fiscal) for mantido e levado adiante com consistência, pouco haverá a temer. Mas isso ocorrerá? Pelo que se vê nos últimos meses, há riscos: gastos crescentes, sobretudo onerando a folha de pagamentos, com arrecadação cadente, são sinais inquietantes. Eles não são inquietantes em si mesmos, pois bem poderiam ser justificados, como quer o governo, pelo momento difícil da economia. Então, por que a dúvida?
A dúvida decorre da falta de modificações comportamentais, que não dependem só do governo, mas para as quais a ação pública tem efeito catalisador. Voltou a se instaurar no Brasil um certo desdém quanto à gravidade de "pequenos" desvios que, pouco a pouco, podem tornar-se uma avalanche. Isso não ocorre só na economia. Nela, a aceitação pela opinião pública de um "pequeno" aumento dos gastos com pessoal, por exemplo, embora postergável, apoia-se na ideia de que "é preciso dar emprego", ou de que "sem um governo com mais funcionários como atender às necessidades sociais do País?" Em si, os comentários seriam justificáveis. Porém a reiteração de práticas fiscais menos rigorosas, e não só no caso de pessoal, mas também de facilidades na concessão de subsídios a empresas, debilita a higidez de um sistema público que nunca foi muito controlado.
Dito assim, de forma quase banal, pode parecer que faço tempestade em copo d?água. Por trás dos exemplos triviais, entretanto, está a verdadeira preocupação: a paralisia do espírito reformista, a leniência com a corrupção, a inversão na relação entre "baixo" e "alto" clero no Congresso - ou mesmo a sua identidade em práticas condenáveis - estão a indicar que a velha cultura corporativista-clientelista está estrangulando o impulso de modernização que se fez sentir com mais força a partir da implantação do Real. Hoje prevalece uma política de concessões continuadas, que agrada aos beneficiários, sejam eles pobres ou ricos, sendo facilmente assimilada e aplaudida. Temo que o pós-Real, tal como está sendo vivido, encubra uma volta ao passado, em vez de ser um passo adiante na modernização do País.
Mesmo noutro aspecto, crucial para a consolidação dos ganhos do Real, o da política de desenvolvimento econômico, há sinais inquietantes. Sempre foi aspiração nacional ver o crescimento sustentável da economia. Posso dizer o quanto me decepcionaram os efeitos negativos das crises financeiras internacionais sobre as taxas de crescimento. O mesmo ocorre agora com o presidente Lula, que lastima a queda dos 5% de crescimento do ano passado para o ponto quase zero de 2009. Mas isso é efeito de ciclos e conjunturas. O que independe deles é o "estilo de desenvolvimento". Quando se acrescenta o adjetivo sustentável, não se quer dizer apenas que tenha continuidade no tempo, pois os ciclos continuarão a ocorrer e a afetar as taxas de crescimento. Quer dizer, isso sim, que não seja predatório dos recursos não-renováveis nem do meio ambiente em geral.
Ora, em matéria de crescimento econômico, estamos assistindo no pós-Real a uma volta ao passado. O espírito dos anos 70, do "milagre econômico" dos governos militares, voltou à cena: um "desenvolvimentismo produtivista", que não busca a compatibilidade entre crescimento econômico e a geração de novas formas de energia, muito menos de restrição às emissões de gases-estufa. Quase voltamos ao "bendita poluição" dos anos 70, que significava mais fábricas e menos miséria. Se na época essa visão já não se justificava, menos ainda hoje.
Essa captura do novo pelo velho, esse renascer no Brasil de uma cultura do desperdício, do patrimonialismo e da ocupação predatória do território vêm juntos com a neutralização de forças renovadoras, agora cooptadas. É o caso do próprio PT, que trocou a luta contra os resquícios do Estado Novo na legislação sindical e a bandeira da ética na política pelo que há de mais arcaico em nossas práticas políticas. Daí que falar de "reformas" passou a ser politicamente incorreto; e crescer a qualquer preço, prova do sucesso.
Não quero ser pessimista, menos ainda em época de celebração. Mas, como alertava o conselheiro Acácio, as consequências vêm sempre depois. Temo, reitero, que o pós-Real esteja sendo vivido como se, assegurada a estabilização, bastasse "pau na máquina" e o futuro do País estaria garantido. Entretanto, há muita construção ainda a ser feita e boa parte dela diz respeito às instituições e ao comportamento. Quando se trata de mudança cultural, se pelo menos não engatinhamos, retrocedemos. O ideal seria avançar muito mais.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

DIRETO DA FONTE - FMI E SUAS PROJEÇÕES

The global economy is beginning to pull out of a recession unprecedented in the post–World War II era, but stabilization is uneven and the recovery is expected to be sluggish, according to the IMF’s latest forecast.
Economic growth during 2009-10 is now projected to be about ½ percentage points higher than forecast by the IMF in April, reaching 2.5 percent in 2010, according to the World Economic Outlook Update, published on July 8. Among the major economies, growth rates have been marked up mainly for the United States and Japan.
The good news is that the forces pulling the economy down are decreasing in intensity,” IMF Chief Economist Olivier Blanchard told a July 8 press briefing. “The bad news is that the forces pulling the economy up are still weak. The balance is slowly shifting, and this leads us to predict that, while the world economy is still in recession, the recovery is coming. But it is likely to be a weak recovery,” Blanchard said.
The IMF also released a separate update to its Global Financial Stability Repor t(GFSR). Financial conditions have improved, as forceful policy intervention has reduced the risk of systemic collapse and expectations of economic recovery have risen. “The unprecedented policy response in both the financial and macroeconomic domains has reduced the risk of systemic collapse and begun to restore market confidence,” José Vinãls, Director of the IMF’s Monetary and Capital Markets Department told the briefing. But many vulnerabilities remain and complacency must be avoided.
Direto da página do FMI, o início de seu documento divulgado nesta data com as previsões para a economia mundial. Segundo ELES, em 2009 o Brasil terá uma queda de 1,3% no seu PIB e, para 2010, um aumento de 2,5%. Isso é quase igual ao previsto para a economia global: queda de 1,4% em 2009 e aumento de 2,5% em 2010. Como sempre, a confirmar. Afinal, PREVISÕES SÃO PREVISÕES. E nada mais.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...