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segunda-feira, 23 de julho de 2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Minha bola de cristal para 2012.


Luiz Carlos Mendonça de Barros, também na FOLHA DE S. PAULO e suas previsões para 2012.   

Acredito que estejamos vivendo uma dolorosa fase de cura dos desequilíbrios do passado

Nesta primeira coluna de 2012, não posso deixar de fazer minhas previsões para o ano que se inicia. Essa responsabilidade, que já é pesada e difícil em tempos normais, fica ainda mais delicada em momentos de grandes incertezas como o que vamos viver em 2012.

Depois de quatro anos de crise, antigas referências de análise econômica estão desgastadas e sem credibilidade.

Por isso, nós, economistas, navegamos em momentos quase revolucionários, quando a ruptura de valores, já estabelecidos e aceitos como válidos pelos mercados, deixa um grande vazio analítico.

Dou um exemplo desse fenômeno: os dados de dez recessões que ocorreram nas economias desenvolvidas nas últimas décadas apontam para um período médio de dois anos entre o pico e o vale dos ciclos de ajuste. Na crise que se iniciou em fins de 2007, a queda do PIB dos Estados Unidos chegou a quatro anos e serão necessários mais dois para que a economia entre em velocidade de cruzeiro novamente.

Os analistas e os economistas estão sendo obrigados a entrar no metabolismo das economias de mercado para tentar entender o que está acontecendo nesse mundo novo e, com isso, terem condições de fazer algumas previsões.

Sem as regras de bolo que o pensamento neoclássico dava a seus seguidores e sem o treinamento necessário para entender a dinâmica microeconômica dos mercados, vivem momentos de grande insegurança.

Alguns, principalmente os vinculados à maioria dos "hedge funds", jogaram a toalha e mergulharam em um niilismo muito engraçado.

Por outro lado, os economistas vinculados ao pensamento mais heterodoxo vivem momentos de euforia por entenderem que a crise atual resgata o papel dominante do Estado na economia de um país e mostra os perigos do chamado neoliberalismo anglo-saxão. A súbita paixão de alguns deles pela política econômica da Argentina peronista mostra, para mim, que entenderam muito pouco da crise que vivemos e qual o papel do Estado nas economias de mercado no novo século.

Como sempre mantive uma posição equidistante desses dois extremos, tentando aplicar ao mundo de hoje os ensinamentos de Keynes, minha visão sobre o ano de 2012 é menos pessimista. Acredito em uma recuperação lenta e gradual das economias mais importantes, principalmente em razão das políticas adotadas em vários países.

Esse prognóstico vale inclusive para a Europa. Com isso, não trabalho com uma depressão econômica e uma ruptura no sistema bancário dos países desenvolvidos. Em outras palavras, acredito que estejamos vivendo uma dolorosa fase de cura dos desequilíbrios do passado e que deve durar ainda alguns anos. Mas o capitalismo não vai entrar em colapso, como muitos pensam.

No caso do Brasil, mantenho a visão de que vamos continuar crescendo entre 3% e 3,3%, com uma taxa menor nos dois primeiros trimestres do ano e uma aceleração na sua segunda metade.

Graças à queda dos preços das commodities por conta da crise no exterior, vamos ter um alívio na inflação ao longo do ano, o que vai permitir ao BC reduzir os juros Selic para até 9,5% ao ano. Nessa questão, fico com o economista Fabio Ramos, da Quest, que trabalha com um IPCA de 5,2% para 2012.

A fonte principal do crescimento continuará a vir do consumo interno, sustentado pelo aumento dos salários, do emprego e do crédito ao consumo. Nesse cenário, o Brasil vai continuar a receber volumes expressivos de investimentos internacionais e, com isso, conseguir complementar nossa escassa poupança interna e permitir manter um nível decente de investimentos.

Finalmente trabalho com a hipótese de um pouso suave da economia chinesa, com a reaceleração de seu crescimento na parte final do ano. Nesse cenário, os termos de troca do Brasil voltarão ao nível que tem prevalecido nos últimos tempos, mantendo a força de nossas exportações e garantindo a manutenção de um deficit em conta-corrente abaixo dos 3% do PIB.

Essa visão sobre a China é um ponto importante para meu cenário de crescimento no Brasil e espero estar certo em relação a ele. 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Profecias para 2012.


Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Este especial artigo foi publicado no VALOR ECONÔMICO e mostra a visão do professor Delfim Netto para este 2012 que já começou.   

As "profecias" para 2012 estão dadas. As medianas das informações do Boletim Focus do Banco Central de 30 de dezembro de 2011, produzidas pelas opiniões de profissionais altamente qualificados, estão na tabela abaixo.

Duas circunstâncias são importantes: 1) há um viés informacional a favor dos "consultores financeiros", que pode ter alguma influência. O "valor" de mercado do consultor depende da qualidade da sua "consulta". Ele tem de se esforçar para ser o mais preciso possível, mas não pode se afastar muito da opinião dos outros. Se todos errarem juntos ninguém de fato errou. Apenas ignoraram alguma condicionalidade; 2) o número de condicionalidades não explicitadas que as previsões do Focus implicam não é enumerável.

Depois de terminar o ano, se as "profecias" diferirem da realidade, os "desvios" serão facilmente explicáveis, porque tudo o que poderia ter acontecido já aconteceu, não restará nenhuma condicionalidade. Como disse J. M. Keynes, em carta ao grande economista e historiador Jacob Viner, "a experiência mostra que o que acontece é sempre algo contra o qual nunca nos prevenimos".

Profecias feitas com modelos aparentemente simples, como é o caso, por exemplo, da "contabilidade do crescimento" (com a qual se calcula o "produto potencial") envolvem ligações internas que as tornam muito vulneráveis e têm consequências sobre toda a economia (por exemplo, a divertida teoria dos ciclos reais) e sobre a política econômica (por exemplo, a teoria das metas inflacionárias).

A "contabilidade do crescimento" é um exercício de cálculo diferencial, onde se supõe que as variáveis "trabalho" e "capital" são bem definidas e independentes, condicionadas por uma função de produção que revela o limite superior do PIB. Com a função de produção, bem educada, podemos calcular a contribuição, na margem, de um aumento do fator "trabalho" e de um aumento do fator "capital". Somados, eles informam o aumento do PIB que deveria resultar desses dois aumentos.

Acontece que esses incrementos, quando calculados empiricamente, são sempre muito menores do que o aumento empírico do PIB. A "solução" foi atribuir a essa diferença o pomposo nome de produtividade total dos fatores (o que falta para completar o aumento não "explicado" do PIB).

Há dois fatos notáveis sobre essa operação. Já nos anos 50 do século passado: 1) Herbert Simon mostrou que o sucesso empírico da função de produção usada (Cobb-Douglas) é o resultado de uma simples manipulação algébrica da identidade renda global = renda do trabalho + renda do capital; e 2) Moses Abramovitz, mostrou que as variáveis "trabalho" e "capital" estão longe de ser independentes e que o "resíduo" (a produtividade total dos fatores, PTF) era um "saco de caranguejos". Ele a chamou, com muita propriedade, de "medida da nossa ignorância", pois "explicava" 80% de variação do PIB, enquanto a soma dos "fatores" chegava a 20%.

Pois bem, nos últimos 60 anos fizemos muito progresso no refinamento das definições do "trabalho", a ponto de chamá-lo de "capital humano", e do "capital", mas avançamos pouco na compreensão da PTF. O recente "survey" sobre o assunto (Hsieh,C.T; Klenow,P.J. "Development Accounting", AEJ Macroeconomics, 2, 2010), que analisa as "causas" das diferenças de crescimento entre as nações, termina melancolicamente: "Aprendemos muita coisa nas últimas décadas sobre os determinantes dessas diferenças. Ainda que importantes questões não estejam resolvidas, particularmente o papel das diferenças do capital humano, existe um grande consenso que estas dão conta entre 10 a 30% delas; o capital físico talvez explique qualquer coisa como 10%. As diferenças entre a produtividade total dos fatores contam a maior parte da história: talvez entre 50 e 70%", praticamente o mesmo de 1950!

A verdade - continuam os autores - é "que entendemos muito mal, porque as PTFs diferem. Sugerimos que um aumento da PTF não tem um efeito apenas no crescimento do PIB, mas pode ter um importante aumento indireto (previsto por Abramovitz em 1955) no capital físico e humano pela redução do preço do capital e da educação com relação ao preço do PIB... Finalmente, sugerimos que a má alocação de fatores entre firmas e setores industriais pode ser um determinante importante das diferenças da PTF, mas resta saber quais as forças que levam a essa má alocação".

Como é possível, no início de 2012, que alguém ainda leve a sério a "previsão científica" apoiada numa função Cobb-Douglas e numa PTF "inventada", que o produto potencial do Brasil em 2012 é de 3,5%? E que qualquer "ameaça" da economia de superá-la deve exigir o aumento da taxa de juros real?

Voltamos a insistir: 2012 não está escrito nas estrelas! Ele será o que nós, governo e a sociedade, soubermos fazer dele, se tivermos a coragem e a inteligência necessárias para enfrentar a "má alocação" de nossos fatores (públicos e privados) e promover políticas que aumentem, simultaneamente, a oferta e a demanda globais, como é o caso, por exemplo, dos investimentos em infraestrutura que eliminem rapidamente gargalos produtivos.

O otimismo do secretário de Política Econômica.


Editorial no ESTADÃO de hoje comenta sobre o otimismo do secretário de Política Econômica, o que é sempre bom ler neste início de 2012.  

No primeiro Relatório de Inflação do ano passado, o Comitê de Política Monetária considerava que havia 50% de possibilidade de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechar o ano entre 4,8% e 6,3%. Na realidade, fechou em 6,5%, mais do que a previsão relativa a 30% das possibilidades. Isso mostra as dificuldades de prever a taxa de inflação no início do ano. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, numa entrevista ao jornal Valor, não teme correr o risco de afirmar que este ano a pressão sobre os preços será menor.

Para o secretário, no ano passado o Brasil enfrentou a conjunção de dois fatores que elevaram os preços: a alta de preço das commodities e o quadro de dificuldades nos países ricos. Ele reconhece, porém, que o modelo de política econômica brasileiro baseado no crescimento da demanda interna teve responsabilidade na inflação.

No momento há uma queda de preço das commodities em razão, basicamente, do arrefecimento econômico da China - queda mais sensível no caso dos minérios do que no dos produtos agropecuários, cujo destino não são apenas países asiáticos. Ora, a manutenção de um preço elevado desses produtos tem grande influência no custo de vida das pessoas de renda mais modesta. Podemos acrescentar, ainda, outros fatores, como a seca no Rio Grande do Sul, que poderá aumentar os preços de parte dos produtos agrícolas.

Márcio Holland se refere à elevação do preço do etanol: mesmo admitindo que a produção de cana seja maior e destinada à produção de etanol, há, agora, a possibilidade de exportar esse produto para os EUA sem aumentar a oferta interna.

O ponto que mais preocupa, assinalado pelo secretário, é o modelo de crescimento baseado em estímulos ao consumo. Márcio Holland nos lembra que, desde o primeiro mandato de Lula até agora, o valor real do salário mínimo, incluindo o novo, cresceu 66%. Não se pode menosprezar o último aumento, de mais de 7,5% em valor real, que levará ao crescimento do poder aquisitivo de uma parte importante da população, inclusive dos aposentados.

O secretário lembra que o brasileiro não tem o hábito da poupança. É, pois, possível que o aumento de renda seja gasto - e isso será ampliado por uma política de crédito generosa, especialmente quando fornecido por meio de empréstimos subsidiados. Holland admite que parte dos produtos consumidos será importada (em detrimento da indústria nacional) a um preço que, dependendo da taxa cambial, poderá tornar maior o déficit nas transações correntes.

A (des)ordem internacional em 2012.


Rubens Barbosa, hoje no O Estado de S. Paulo e a sua análise sobre 2012.

O novo ano nasce sob a marca da instabilidade política no cenário internacional e da volatilidade e da incerteza na área econômica. A democracia e o mercado estarão em xeque em 2012.

O mundo vive em sobressalto diante da crise econômica e financeira que se abate sobre os EUA e a União Europeia (UE). Não bastasse, são igualmente inquietantes alguns sinais que, isolados, podem não parecer preocupantes, mas, quando vistos em conjunto, adquirem o caráter de uma possível grave crise nos próximos meses.

O quadro mais complexo está no Oriente Médio. Permanece a possibilidade de um ataque, aberto ou por meio de ações clandestinas, às instalações nucleares no Irã. Notícias de que o Reino Unido e Israel se preparam militarmente para atacar o Irã diminuíram, mas não desapareceram, como evidenciado pela questão da passagem do petróleo pelo Estreito de Ormuz. A concentração de tropas norte-americanas no Kuwait e o lançamento bem-sucedido de mísseis de longo alcance israelense e iraniano indicam que preparativos de lado a lado se intensificam. Isso não quer dizer que o ataque seja iminente nem que será levado a efeito, mas esses fatos ajudam a aumentar a tensão na área, agravada pelos ataques recíprocos Israel-Hamas, apesar da retomada das conversações. O estado de guerra civil na Síria contra o governo de Bashar Assad pode propiciar a repetição da fórmula utilizada pela Otan na Líbia. Para complicar ainda mais a situação, depois da queda dos regimes autoritários da Tunísia, do Egito e da Líbia, no Norte da África a primavera árabe começa a se defrontar com as inevitáveis rivalidades internas, questões tribais e religiosas afloram e ameaçam a transição para a democracia, podendo reacender focos de guerra civil. A retirada do Afeganistão e do Iraque das forcas militares dos EUA não contribuirá para reduzir as tensões e vai concentrar as atenções nas ações do Irã nesses dois países. O Paquistão nuclear continuará a preocupar pela instabilidade política.

As Nações Unidas, locus para a discussão de questões de paz e de segurança, saíram desgastadas depois dos episódios na Líbia. A resolução aprovada permitindo medidas necessárias para proteger vidas humanas foi ampliada, sem autorização da comunidade internacional, pelos membros da Otan, liderados pelo Reino Unido e pela França, com a tácita cumplicidade dos EUA. Não só para interferir numa guerra civil, mas para caçar e matar Muamar Kadafi. A experiência líbia é o primeiro caso de aplicação do novo conceito estratégico de atuação de uma forca da segurança global capaz de intervir em outros países com ou sem autorização do Conselho de Segurança. Estabeleceu-se perigoso precedente que poderá ser invocado a qualquer momento contra a Síria, o Irã ou outros países vistos como ameaça à comunidade internacional. O Brasil, que corretamente se absteve quando da aprovação da resolução sobre a Líbia, está apresentando proposta para limitar esse tipo de excesso, sugerindo que a preocupação da ONU seja não só no sentido de exercer a responsabilidade de proteger, mas também ao proteger.

Por outro lado, o pedido da Autoridade Palestina de ingresso como membro permanente da ONU, feito ao Conselho de Segurança, foi esquecido. Os EUA e Israel retaliaram, com corte de dotações orçamentárias, a decisão de entrada da Palestina na Unesco.

Ao preocupante cenário político internacional devem-se acrescentar a instabilidade e o baixo crescimento, que deverão perdurar entre cinco e dez anos em razão das crises econômicas na Europa e nos EUA.

A crise europeia continuará a manter alta a temperatura política no continente, por causa da negociação de um novo tratado de responsabilidade fiscal e da possibilidade concreta de que outros países tenham de ser socorridos a fim de evitar a ameaça de rompimento do sistema monetário ou mesmo da união política do continente.

O G-20 continuará procurando se consolidar como um fórum para o exame da evolução da crise econômica e o dólar continuará a perder valor. A produção de petróleo não está aumentando, o que manterá os preços altos por muito tempo, acrescentando mais um elemento de pressão contra a volta do crescimento.

As demonstrações anticapitalismo, fruto da frustração da classe média, que surge como grande perdedora, espalhar-se-ão por diversas capitais e continuarão a exercer pressão sobre os principais centros financeiros, embora sem consequências práticas.

Os países emergentes, China à frente, continuarão a liderar o crescimento da economia global e deverão superar em 2012, em termos de produto interno bruto, os países desenvolvidos. O Brasil deverá ter seu crescimento reduzido pela crise. O comércio internacional deverá estagnar ou registrar uma expansão menor, em função da desaceleração econômica nos EUA e na UE e da restrição dos financiamentos a exportação.

Eleições em 24 países, inclusive nos EUA, na França, na China e na Rússia, definirão os novos líderes que terão de enfrentar os desafios impostos pelas incertezas e instabilidades.

Os EUA, no meio de uma continuada crise de confiança, de baixo crescimento e de aumento do desemprego, começam a se preparar para as eleições presidenciais. A campanha para as prévias, do lado republicano, mostra como o sistema político naquele país está disfuncional, com efeito negativo direto sobre o funcionamento do governo. O fator preocupante é que os neoconservadores - fundamentalistas falando inglês - estão de volta, com toda a força, e a reeleição de Barack Obama - que até aqui parece a melhor perspectiva - não está assegurada. A vitória de um candidato republicano certamente teria um impacto expressivo sobre o cenário político e econômico global.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O ano de 2011 foi terrível. Será que 2012 será melhor?


Este texto foi publicado originalmente pelo The Washington Post e nesta data no O Estado de S. Paulo. É mais um texto que postamos sobre o que poderá acontecer neste 2012. 

Nesta mesma época, há um ano, os analistas corriam para atualizar as previsões para o panorama econômico que nos aguardava em 2011. Todas as engrenagens pareciam estar chegando à posição certa para possibilitar que 2011 fosse o ano em que a recuperação econômica começaria com força. Parecia garantido apostar num crescimento de 3% e 4% pareciam ser mais do que plausíveis.

Mas, então, a realidade se impôs. Os primeiros dados econômicos de 2011 foram atribuídos pelos analistas ao azar: primeiro, pesadas tempestades de inverno, depois um acentuado aumento no preço da gasolina decorrente da instabilidade no Oriente Médio, o terremoto seguido de tsunami no Japão, o agravamento da crise europeia de endividamento, o acirrado debate envolvendo a elevação do teto da dívida nos Estados Unidos.

Mas, com o início do ano novo - tudo indica que o crescimento total em 2011 será de aproximadamente 1,8%, se as previsões para o quarto trimestre se mostrarem corretas -, a grande lição econômica do ano passado é a de que as forças que limitam o desempenho da economia americana são maiores do que previram há apenas 12 meses aqueles que ganham a vida com esse tipo de análise.

O verdadeiro motivo pelo qual 2011 foi tão frustrante não foi o azar.

O problema é que os obstáculos que afetam a economia americana são tão complicados que o país só poderá obter um crescimento robusto quando tudo der absolutamente certo. Os analistas não perceberam o quão profundamente a confiança das empresas e dos consumidores fora abalada.

O sistema político se mostra mais disfuncional, arrastando-se de uma crise inventada até a próxima, incapaz de tomar decisões simples, que dirá as difíceis. Problemas no financiamento das hipotecas e uma ofensiva de execuções de dívidas imobiliárias impediram a recuperação do mercado imobiliário, enquanto os dados demográficos sugeriam que tal recuperação estaria próxima.

As boas notícias: não houve duplo mergulho recessivo. A recuperação, iniciada há dois anos, parece suficientemente entrincheirada a ponto de os desafios terem apenas retardado o crescimento, em vez de levar a uma contração.

Ao mesmo tempo, um crescimento tão lento - muitos analistas preveem um quadro parecido para 2012, com projeções na casa dos 2,5% - não é suficiente para reduzir gradualmente o desemprego. Haverá pouca margem de erro para a economia.

Em outras palavras, a julgar pelos ventos contrários, será preciso que tudo dê certo para que seja possível o tipo de crescimento robusto capaz de transformar o momento atual numa recuperação real, e não apenas no sentido técnico ao qual os economistas se referem.

A meta de todo governante encarregado de elaborar políticas econômicas é (ou deveria ser) fazer com que as conversas nas mesas de jantar nas festas de fim de ano fossem a respeito daquele tio que, depois de tanto tempo desempregado, finalmente encontrou um trabalho; do primo que acabou de se casar e conseguiu comprar uma casa; do avô que finalmente achou que já tinha juntado dinheiro o bastante para se aposentar.

Algumas perguntas que pairam sobre a economia para o ano de 2012 vão determinar se é assim que as coisas serão ou se teremos outro ano de travessia pelo atoleiro - ou pior.

Será que o sistema político americano vai se comportar?

Em 2011, a política nos EUA viveu momentos tão feios que chegaram a prejudicar a confiança e atrapalhar as perspectivas econômicas. Uma das chaves para uma maior prosperidade econômica em 2012 será uma administração mais organizada e inspiradora de confiança no governo mais poderoso do planeta.

Tivemos a batalha de abril, envolvendo a questão dos gastos, cujo desfecho quase levou o governo à paralisia. A disputa de dezembro teve como foco a continuidade de cortes nos impostos colhidos na fila de pagamento com os quais ambos os partidos tinham concordado, em princípio. Mas o pior foram as ameaças apocalípticas feitas em meados do ano quando os republicanos ameaçaram vetar um aumento no teto da dívida - cujo significado seria uma moratória na dívida americana - a não ser que conseguissem fazer valer sua posição quanto a expressivos cortes nos gastos.

Mesmo depois que um acordo foi estabelecido, a Standard & Poor"s rebaixou a classificação da dívida dos EUA, atribuindo a decisão à diminuição na "eficácia, estabilidade e previsibilidade" das políticas do governo americano.

Não por acaso, a criação de empregos e uma série de outros indicadores econômicos sofreram o impacto, apresentando queda justamente no momento em que a questão do teto da dívida começou a pegar fogo. Diante do processo, os executivos disseram sentir um clima generalizado de exasperação. Existe um importante debate envolvendo o papel que o governo americano deve desempenhar na vida dos cidadãos do país e o volume de impostos que deve ser pago por isto _ mas aqueles que respondem pelas contratações preferem que tal debate se desenrole sem a ameaça de moratórias e rebaixamentos.

Em 2012, seria bom para a economia se o Congresso americano e o governo Obama chegassem a acordos para manter o país funcionando sem tanta pirotecnia. É difícil que isso ocorra. Pense no profundo cisma entre os dois partidos quanto à direção que o país deve seguir, acrescente a ele a politicagem de um ano eleitoral, e imagine o resultado. A situação vai ficar feia.

Será que os líderes europeus serão capazes de encontrar um equilíbrio entre as demandas de todos os países?

O destino da economia americana está - num grau surpreendente e algo assustador - nas mãos da chanceler alemã, Angela Merkel, do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, e dos outros líderes europeus que vão decidir, coletivamente, se o continente vai solucionar seus problemas financeiros ou permitir que eles escapem de vez ao controle.

O padrão tem se repetido nos últimos dois anos: quando parece que a crise europeia de endividamento está se agravando, o impacto logo se faz sentir do outro lado do oceano. Primeiro, o mercado americano de ações despenca - as empresas americanas têm muitos fregueses na França, na Itália e na Espanha, afinal. E, em questão de meses, a criação de empregos perde força e o país entra numa nova estagnação econômica, um quadro que se tornou bastante comum desde o fim da recessão, em meados de 2009.

Foi o que ocorreu no primeiro semestre de 2010 e novamente no início de 2011. Resta saber se a Europa será um fator negativo ou positivo para a situação do crescimento dos EUA em 2012.

A resposta está com os líderes europeus. Os funcionários do governo americano, principalmente o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, serão uma câmara de eco e uma fonte de pressão para que sejam adotadas medidas - e não participantes encarregados de tomar decisões.

O cenário mais provável indica que a Europa - que já parece estar em recessão - continuará mancando no sentido da criação de uma união fiscal mais abrangente, para acompanhar a união monetária já instalada.

Isso vai significar que os países europeus terão de abrir mão de parte do seu controle sobre os impostos, gastos e empréstimos, recebendo em troca um ganho gradual de confiança na certeza de que não haverá mais países como a Grécia, tomando de empréstimo somas muito acima da sua capacidade de quitá-las.

Mas, mesmo dentro desse cenário provável, não houve linhas retas nesta crise.

Durante mais de dois anos, num número tão grande de reuniões de cúpula que os participantes encontram dificuldade em mantê-las organizadas na cabeça, foram necessários um declínio dramático no mercado financeiro e o flerte dos líderes europeus com o desastre para que medidas fossem tomadas pouco antes de se tornar tarde demais para evitar o colapso da zona do euro - e as décadas de esforços no sentido de uma Europa mais unificada.

Será que a China vai conseguir fazer um pouso suave?

A crise na Europa não é a única ameaça à economia americana vinda do exterior. Preocupantes sinais observados nos últimos meses sugerem que o colosso do crescimento chinês estaria perdendo força, algo que aumenta os riscos para os Estados Unidos e para o restante do mundo.

A China demonstrou a solidez de uma pedra durante toda a tumultuada década passada, com a resposta ágil do governo à crise de 2008 e a sua ascensão enquanto fonte de estabilidade para a ordem econômica global.

A pergunta é se os líderes chineses serão capazes de conduzir a economia do país a um pouso suave, preparando mudanças econômicas há muito necessárias sem incorrer numa estagnação do crescimento.

Será que a China conseguirá buscar uma maior dependência em relação à demanda doméstica por bens de consumo e serviços, afastando-se das exportações e do setor imobiliário, sem provocar uma grande recessão capaz de por em risco o crescimento global? A resposta vai ajudar a determinar o grau de saúde da economia americana em 2012 e no futuro.

Recuperação de 2012: cuidado, frágil.


Martin Wolf é editor e principal comentarista econômico do Financial Times.  Este artigo foi publicado no Valor Econômico de hoje.

O que 2012 reserva para a economia mundial? Comecemos por examinar os combalidos países de alta renda. Há algum motivo para esperar recuperações saudáveis? Não exatamente. O desfecho na zona do euro poderá ser um desastre que se disseminará pelo mundo inteiro. Mesmo a recuperação dos Estados Unidos tende a ser frágil. A sombra lançada pelos fatos anteriores a 2007 se dissipa lentamente.

O consenso de dezembro entre as previsões é sombrio. As opiniões mais recentes sobre o possível crescimento neste ano estão muito abaixo dos prognósticos de um ano atrás. Isso é especialmente verdade no que se refere à zona do euro, cujas projeções apontam para um mergulho na recessão. As economias da Itália e da Espanha deverão sofrer contração, enquanto a da França e a da Alemanha produzirão um crescimento desprezível e o Reino Unido ficará na mesma situação. Apenas o Japão e os Estados Unidos deverão exibir algo que se aproxima de um crescimento econômico razoável este ano. No caso dos Estados Unidos, seu crescimento foi projetado em 2,1% em dezembro, superior ao 1,9% de novembro.

Ponhamos esse desempenho em contexto. No terceiro trimestre de 2011, o Canadá era o único membro do G-7 cujo PIB estava acima de seu pico do pré-crise. As economias dos Estados Unidos e Alemanha estavam ligeiramente acima de seus picos do pré-crise, enquanto a da França estava ligeiramente abaixo. Reino Unido, Japão e Itália estavam muito abaixo de seus picos do pré-crise. Recuperação? Que recuperação?

Mas a taxa de juros mais alta agora adotada pelos quatro bancos centrais mais importantes é a do Banco Central Europeu (BCE), de apenas 1%. As demonstrações de resultados desses bancos centrais também se expandiram drasticamente. Além disso, entre 2006 e 2013, a relação de dívida pública bruta sobre o PIB vai dar um salto de 56 pontos percentuais no Reino Unido, de 55 pontos no Japão, de 48 pontos nos EUA e de 33 pontos na França. Por que medidas tão drásticas apresentaram resultados tão modestos?

Sobre isso grassam discussões revestidas de uma boa dose de carga ideológica. O paradigma teórico dominante sustenta que uma crise financeira não pode acontecer e não deve preocupar, se de fato acontecer, pelo menos desde que não se permita que a base monetária em conceito amplo despenque. Segundo esse ponto de vista, as únicas coisas que atualmente sustentam as economias são os elementos de rigidez estrutural e as incertezas induzidas pela política econômica. Na minha opinião isso é uma história da carochinha baseada em teorias que reduzem o capitalismo a uma economia de escambo encoberta por um diáfano véu monetário.

Muito mais convincentes, para mim, são as opiniões que aceitam que as pessoas cometem erros relevantes. A grande divisão é entre aqueles - os austríacos - que sustentam que os erros são cometidos pelos governos, enquanto que a solução é deixar o distorcido edifício financeiro vir abaixo, e aqueles - os pós-keynesianos - que sustentam que uma economia moderna é intrinsecamente instável, enquanto que deixá-la vir abaixo nos levaria de volta à década de 1930. Faço parte, decididamente, deste último grupo.

Em sua obra-prima presciente de 1986, "Stabilizing an Unstable Economy" (""Estabilizando uma Economia Instável", editado no Brasil em 2010), o falecido Hyman Minsky formulou sua hipótese da instabilidade financeira. Janet Yellen, vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), observou em 2009 que "com a turbulência reinante no universo financeiro, a obra de Minsky se tornou leitura obrigatória".

O que torna sua obra imprescindível é o fato de ela vincular as decisões de investimento, orientadas por um futuro intrinsecamente incerto, às demonstrações de resultados que as financiam e, portanto, ao sistema financeiro. Na opinião de Minsky, a alavancagem e, portanto, a fragilidade - são determinadas pelo ciclo econômico. Um longo período de tranquilidade eleva a fragilidade: as pessoas subestimam os perigos e superestimam as oportunidades. Minsky teria advertido de que a "grande moderação" contém os germes de sua própria destruição.

Os anos que antecederam 2007 assistiram a um extraordinário ciclo de crédito privado, notadamente nos Estados Unidos, Reino Unido e Espanha, lastreado no aumento dos preços dos imóveis residenciais. O estouro dessas bolhas levou a uma explosão dos déficits públicos, em grande medida de forma automática, como previra Minsky. Esse foi um dos três mecanismos de política econômica que evitaram um mergulho numa grande depressão. Os outros foram as intervenções financeira e monetária. As economias ainda estão enfrentando dificuldades para chegar a um ajuste pós-colapso. Com as taxas de juros próximas a zero, os déficits públicos de soberanias idôneas para fins de crédito oferecem três formas de ajuda - exigir, desalavancar e elevar a qualidade dos ativos privados.

Em que medida a desalavancagem avançou? Nos Estados Unidos, avançou bastante. No terceiro trimestre de 2011, a relação da dívida bruta do setor financeiro sobre o PIB estava no nível registrado em 2001 e a relação dívida das famílias sobre o PIB estava no nível registrado em 2003. Além disso, observa o Goldman Sachs: "Acreditamos que o número de imóveis residenciais com obras iniciadas provavelmente já chegou ao seu nível mais baixo, enquanto os preços nominais desses imóveis deverão alcançar esse nível no decorrer de 2012." Os Estados Unidos estão agora preparados para a recuperação, embora limitada pelo prematuro aperto fiscal, pelo processo de desalavancagem em curso, pelos riscos por que passa a zona do euro e, talvez, pela alta dos preços do petróleo. A recuperação se sustentará sobre o que ainda é uma economia em desequilíbrio.

Mas a fragilidade da zona do euro é maior. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê a redução de 1,4% do PIB do déficit público estrutural da zona do euro entre 2011 e 2012, comparativamente à de apenas 0,2% prognosticada para o PIB nos Estados Unidos.

Mas o grande perigo para as economias mais fracas da zona do euro é que os setores público e privado tentarão cortar despesas simultaneamente. Essa é a receita certa para colapsos profundos e prolongados. As soberanias não idôneas para fins de crédito estão enredadas no esforço provavelmente fadado ao fracasso de fortalecer sua posição fiscal na ausência de um setor privado e de fatores de compensação externos adequados. Para esses países uma recessão da zona do euro como um todo será uma calamidade: ela impedirá que realizem o ajuste externo de que necessitam. Contra esse pano de fundo, a oferta do BCE de financiamento barato de três anos a bancos que poderão reemprestar para soberanias combalidas é pouco mais do que um paliativo - inteligente, mas inadequado.

Os países de alta renda vêm realizando uma série de experimentos fascinantes. Um foi com a desregulamentação do setor financeiro e com o crescimento puxado pelo mercado de imóveis residenciais. Fracassou. Outro foi com uma reação fortemente intervencionista à crise financeira de 2008. Funcionou, mais ou menos. Outro ainda é com a desalavancagem do pós-crise e uma volta a configurações fiscais e monetárias mais normais. Ainda não se chegou a uma conclusão sobre esse esforço. Na zona do euro, no entanto, essa mudança para a austeridade fiscal corre paralelamente a um experimento ainda maior: a construção de uma união monetária em torno de um núcleo estruturalmente mercantilista entre países dotados de solidariedade fiscal desprezível, sistemas bancários frágeis, economias pouco flexíveis e graus divergentes de competitividade. Boa sorte em 2012. Todos precisarão. 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

2012: a análise do relatório do Bacen.


Editorial do Valor Econômico de hoje e a análise do Relatório Trimestral de Inflação divulgado pelo Bacen. 

As previsões do mercado financeiro para o comportamento da economia, mais pessimistas do que as que o governo vinha apresentando, encontraram um respaldo de peso no Relatório Trimestral de Inflação de dezembro, divulgado ontem pelo Banco Central (BC). O Relatório Trimestral de Inflação reduziu em meio ponto a expectativa de crescimento da economia neste ano, de 3,5% para 3%, e, além disso, cravou para 2012 um crescimento de 3,5%. Outros setores do governo vinham propagando recentemente a previsão de que o Produto Interno Bruto (PIB) poderia crescer mais no próximo ano - a própria presidente Dilma Rousseff falou em 5%. Mas esse era apenas um arroubo de otimismo injustificado, um desejo de ano novo.

Uma previsão dessa magnitude não tem fundamento para se sustentar, inclusive tendo em conta o instável cenário internacional. O BC mantém a expectativa de que a crise internacional terá um impacto na economia brasileira equivalente a um quarto do ocorrido em 2008 e 2009, sem eventos extremos, com viés desinflacionário em vista da perspectiva de atividade mais moderada e do risco de recessão em alguns países.

O relatório explica que levou em conta na redução da previsão do PIB deste ano também as medidas tomadas entre o fim de 2010 e meados deste ano para desacelerar a economia, cujo impacto é defasado no tempo. O mercado financeiro trabalha com a expectativa de que o PIB vai crescer pouco menos de 3% neste ano. O número do último relatório Focus é de 2,92%.

Para o BC, o nível de atividades melhora ligeiramente no próximo ano e os 3,5% previstos de expansão do PIB não estão muito distantes dos 3,4% estampados na mais recente pesquisa Focus. O aumento do emprego, da massa salarial, da confiança do consumidor e da oferta de crédito vão contribuir para o crescimento maior da economia em 2012. A indústria e os serviços, que desaceleraram no segundo semestre deste ano, devem recuperar o ritmo em 2012.

Ao informar que o crescimento econômico acumulado em 12 meses recuou de 4,9% para 3,7% entre o segundo e o terceiro trimestre, o relatório avalia que a economia está agora em um "ciclo de crescimento em ritmo mais condizente com as taxas avaliadas como sustentáveis em longo prazo".

No cenário que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai levar em conta em suas decisões, o nível de atividades vai crescer em um ambiente de inflação mais baixa. Apesar de manter a expectativa de que a inflação vai convergir para o centro da meta no próximo ano, a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses projetada para 2012 é de 4,7%, a mesma já prevista no relatório de setembro, e de 4,7% também para 2013. Ou seja, haverá uma significativa desaceleração de preços porque, em 2011, a inflação, que já está praticamente dada, chegará a 6,5%, conforme as projeções do BC. Houve ligeira revisão do número, pois no relatório anterior a expectativa era que o IPCA subisse 6,4% neste ano. Essas projeções levam em conta o que o Copom chama de cenário de referência, que pressupõe juros básicos e taxa de câmbio constantes até o fim de 2012. No cenário de mercado, que considera projeções de juros e câmbio capturadas pela pesquisa Focus junto a bancos e empresas, a inflação chega a 4,8% em 2012 e a 5,3% em 2013. Já o mercado financeiro prevê para 2012 inflação de 5,39%.

Como esclareceu o próprio diretor do Banco Central, Carlos Hamilton, isso se deve aos efeitos defasados do afrouxamento monetário que está sendo implementado e terá impacto no nível de atividades no segundo semestre de 2012, com prováveis reflexos na inflação no início do ano seguinte.

O relatório do Banco Central reforça a estratégia de ajustes moderados na política monetária, apesar de considerar a existência de pressões altistas da inflação no primeiro trimestre, derivadas de fatores sazonais como matrículas escolares e alimentos in natura.

Com uma frase já conhecida de cor e repetida praticamente com as mesmas palavras em outros relatórios, o de dezembro ressalta que "o Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, ajustes moderados no nível de taxa básica são consistentes com cenário de convergência da inflação para a meta em 2012".

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

2012: previsão PIB/Inflação - Bacen.


No UOL Economia:

O Banco Central (BC) reduziu nesta quinta-feira (22) a previsão de crescimento da economia brasileira no ano, de 3,5% para 3%. O Relatório Trimestral de Inflação do BC mostra ainda que para o próximo ano a previsão de crescimento é de 3,5%.

A estimativa de inflação para 2011 subiu de 6,4% para 6,5%. Caso confirmado este número, a alta dos preços ficará no teto da meta de inflação. O Banco Central informou, porém, que as chances da meta de inflação ser ultrapassada são de 54%. Para o próximo ano, o BC manteve a previsão de 4,7%.

Esse movimento, segundo informou a autoridade monetária, reflete, em parte, "os efeitos observados das ações de política monetária entre o final de 2010 e meados de 2011."

O BC está menos otimista do que o próprio governo, sobretudo para 2012. Oficialmente, o governo ainda acredita que a economia terá expansão de 3,8% em 2011, apesar de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter dito que deve ficar próxima a 3,2%. Para 2012, a conta oficial é de uma expansão de 5 por cento, mas o próprio Mantega já previu um intervalo de 4% a 5%.

Na visão da autoridade monetária, a inflação já começa 2012 desacelerando chegando, no acumulado de 12 meses, a 5,9% e 5,6%, nos primeiro e segundo trimestres, respectivamente. Esses dados estão dentro do cenário de referência. 

Para o BC, o cenário econômico global apresentou deterioração nos últimos meses, e as condições mais restritivas no exterior tendem a permanecer por mais tempo do que se previa.

domingo, 18 de dezembro de 2011

2012: previsões econômicas brasileiras.


Mais previsões para 2012: agora de quatro conceituados economistas que enviaram as mesmas para a EXAME.com.  Last but not least, previsões devem sempre serem consideradas. 

Os maias, alguns místicos e até Hollywood, todos já anunciaram que 2012 deve ser um ano apocalíptico. Por mais cético que se possa ser, olhar para a situação econômica da Europa, por exemplo, chega mesmo a levantar leves suspeitas. Mas quando se fala em Brasil, grandes economistas apostam que o próximo ano não chega a ter ares de “fim de mundo”.

Um time de especialistas formado por Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e sócio da consultoria Tendências; José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e sócio da MB Associados; Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco; e Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú-Unibanco, enviaram a EXAME.com suas projeções para os principais indicadores econômicos em 2012.

Em 2011 a economia brasileira caminhou por um caminho mais complicado do que no ano anterior e deve crescer menos que 3% - bem abaixo dos 7,5% em 2010. Esta queda em grande parte foi causada pelos impactos da piora nas condições da economia mundial.

Além disso, o ciclo de aperto monetário iniciado pelo governo no começo do ano ajudou a desacelerar a economia. Entretanto, a previsão é que o crescimento do país seja maior em 2012, ganhando ainda mais força em 2013.

PIB
O crescimento da economia em 2012 deve ficar acima dos 3%. A maior projeção é de Octávio de Barros, do banco Bradesco, 3,7%. Já Maílson da Nóbrega estima o menor crescimento, de 3,2%

Economista                           PIB
Octávio de Barros               3,7%
J.R. Mendonça de Barros  3,5%
Ilan Goldfajn                        3,5%
Maílson da Nóbrega           3,2%

Todos os economistas ouvidos por EXAME.com fizeram projeções para inflação acima do centro da meta, que é de 4,5%. Entretanto, nenhum deles acredita que o IPCA, índice oficial de inflação calculado pelo governo, vá passar do teto da meta, que é de 6,5%.

Economista                             IPCA
Octávio de Barros                 5,3%
J.R. Mendonça de Barros    5,5%
Ilan Goldfajn                          5,20%
Maílson da Nóbrega             5,40%

Taxa Selic
Em 2011 o comportamento da Selic teve duas fases distintas. Até agosto, o governo mantinha um ciclo de alta que fez a taxa básica pular de 10,75% ao ano em janeiro para 12,50% em julho.

Em agosto, porém, sob o argumento de piora na economia global, o Banco Central não só interrompeu o ciclo de alta, como também começou a cortar os juros. A taxa fechou o ano em 11%. No fim de 2012, o esperado é que a Selic esteja por volta dos 9% ao ano.

Economista                          Selic
Octávio de Barros              9,5%
J.R. Mendonça de Barros  9%
Ilan Goldfajn                        9%
Maílson da Nóbrega           9,5%

O último boletim Focus publicado pelo Banco Central, na segunda-feira, trazia a projeção dos analistas para o câmbio entre real e dólar no fim de 2011 em R$ 1,80. Já para 2012, a menor projeção, de Maílson da Nóbrega, é de R$ 1,65. A maior é de R$ 1,80, feita por J.R. Mendonça de Barros.

Economista                          Câmbio
Octávio de Barros               R$1,7
J.R. Mendonça de Barros  R$1,8
Ilan Goldfajn                        R$1,75
Maílson da Nóbrega           R$1,65

Balança comercial
Ilan Goldfajn, do Itau-Unibanco, projeta um saldo positivo de 15 bilhões de dólares para a balança comercial brasileira em 2012. A projeção de Maílson da Nóbrega é bem superior: 28 bilhões.

Economista                         Balança Comercial
Octávio de Barros              US$ 23 bilhões
J.R. Mendonça de Barros         --
Ilan Goldfajn                       US$ 15 bilhões
Maílson da Nóbrega          US$ 28 bilhões

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...